‘comissão da verdade’ da Constituinte; Maduro ameaça punir detratores e pede conversa a Trump
O regime de Nicolás Maduro pretende colocar mais uma barreira a seus adversários ao exigir que os candidatos opositores tenham o aval da Assembleia Constituinte, totalmente chavista, para concorrer às eleições para governadores da Venezuela, previstas para 10 de dezembro.
O requisito foi promovido na noite de terça-feira (9) pelo número dois do chavismo, Diosdado Cabello, horas depois que a coalizão opositora Mesa de Unidade Democrática (MUD) anunciou que participará da votação.
Em seu programa no canal estatal VTV, o constituinte disse que os adversários precisarão de “um certificado de boa conduta que deve dizer que o senhor nunca incitou a queima da Venezuela”.
“Se você acredita, senhor amargurado, que vai se inscrever após mandar queimar a Venezuela e sair pelo mundo dizendo que é preciso invadir a Venezuela, você rodou, papai”, disse Cabello.
Segundo ele, a declaração será concedida pela Comissão da Verdade, criada pela Assembleia Constituinte para investigar, punir os respon- sáveis e reparar as vítimas da “violência política” nos 18 anos de governos chavistas.
Desde a convocação da troca da Constituição, em maio, Maduro e aliados prometem usar o grupo para julgar os dirigentes da oposição, a quem responsabilizam pela violência na onda de protestos contra o regime, que deixaram 125 mortos desde abril.
Dentre os citados, estão o presidente da Assembleia Nacional opositora, Julio Borges, o deputado Henry Ramos Allup e o ex-presidenciável Henrique Capriles.
Os três não participam da eleição, mas alguns dos candidatos opositores já anunciados deverão ser reprovados. Dentre eles, o deputado Juan Pablo Guanipa, que concorre em Zulia, maior colégio eleitoral venezuelano.
Ele foi acusado de fomentar protestos contra o regime no Estado pela Guarda Nacional e o atual governador, o chavista Francisco Arias Cárdenas, que tenta se reeleger.
Nesta quinta, Maduro apresentou um projeto de lei à Constituinte que pune com até 25 anos de prisão quem convocar “ações violentas e que provoquem caos e aflição”, formas como se refere às manifestações contra si.
O líder disse ainda que a oposição voltará ao diálogo “por bem ou por mal” e acusou a Assembleia Nacional de sabotar a economia ao pedir a bancos internacionais que não investissem no país. TRUMP Também no discurso à Casa que convocou para trocar a Constituição, Maduro declarou estar disposto a ter uma conversa “frente a frente” com o presidente dos EUA, Donald Trump. “Se o senhor está tão interessado na Venezuela, aqui estou.”
O mandatário ordenou a seu chanceler, Jorge Arreaza, que entre em contato com o Departamento de Estado. Minutos depois, porém, disse que seu país “jamais vai se render e responderá a uma agressão com armas na mão”.
Aos países latinos que criticam seu regime, pediu que participem de uma cúpula da Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e do Caribe) para discutir a crise.