Solução é reduzir gasto público
É da natureza humana concordar em tese com reformas, mas ser contra quando nos atinge. Todos somos a favor do ajuste fiscal, de preferência em cima dos outros.
No entanto, pensando em um ajuste fiscal permanente, sou contra qualquer aumento de impostos, independentemente da faixa de renda ou de ser pessoa física ou jurídica. Isso seria apenas um paliativo —e rapidamente se tornaria insuficiente, sendo necessário trabalhar nas despesas públicas.
O cerne do desequilíbrio fiscal está no descalabro dos gastos públicos. Enquanto houve modo de aumentar as receitas para acompanhar essa dinâmica, a bicicleta continuou rodando. Desde 2013, porém, por razões estruturais, e a partir de 2015, por razões conjunturais, a receita começou a patinar. O Brasil perdeu a capacidade de gerar superavits estruturais, deteriorando agudamente a dívida pública.
O Brasil se tornou um país caro antes de se tornar um país rico. No ano passado, a carga tributária chegou a quase 33% do PIB, muito acima de qualquer outro país emergente e até de muitos desenvolvidos. A carga nos Estados Unidos, por exemplo, é de cerca de 20% do PIB.
Defendo, então, em um contexto de uma reforma tributária neutra, rediscutir a carga que incide sobre renda e produção.
Pode-se argumentar que a alíquota de Imposto de Renda sobre os trabalhadores nos percentis mais altos é relativamente baixa, portanto, caberia uma discussão acerca dos efeitos redistributivos de aumentar a tributação dos que ganham mais.
No entanto, a incidência de outros impostos no Brasil sobre o consumo de vários produtos é exorbitante (50% na compra de automóveis). Para o crescimento de longo prazo, seria até recomendável mudar esse modelo, incidindo mais na renda e menos no consumo/produção, mas sem aumentar a carga total.
Em termos mais pragmáticos, o que se percebe é a dificuldade do governo Michel Temer em conseguir avançar nas reformas que corrijam os gastos públicos.
A própria reforma da Previdência está espremida na agenda legislativa —parece que o poder de articulação do presidente no Congresso está se exaurindo.
A discussão da revisão da meta do deficit primário, para este ano e para o próximo, demonstra a preocupação de não cumprir o Orçamento aprovado.
A equipe econômica parece emparedada, sem condições de continuar o ajuste com o corte significativo dos gastos e de avançar em mais reformas estruturantes.
Nesse caso, um arranjo provisório pelo lado das receitas será proposto. Do contrário, a equipe econômica e o presidente ficam sujeitos a penalidades ao infringir a Lei de Responsabilidade Fiscal.
De qualquer maneira, dada a reação ao balão de ensaio de aumentar os impostos dos assalariados que ganham mais de R$ 20 mil, não vai ser uma discussão fácil num Congresso permeável a pressões corporativas e de olho na eleição de 2018.
A opção da equipe econômica deve ser por aumentar contribuições e impostos que não precisem de aprovação legislativa, como PIS/Cofins e IOF.
Enfim, na eleição do próximo ano, será inescapável debater o tamanho do Estado. Caso a escolha da sociedade não seja por seu enxugamento, todos teremos que pagar mais impostos, sendo feito, assim, um ajuste de pior qualidade, com consequências indesejadas sobre o crescimento e a distribuição da renda. MARCELO KFOURY MUINHOS,
Que se acrescente uma cláusula de barreira decente, não essa ridícula que pensam em nos impingir, em que bastará 1,5% dos votos para manter os partidos com todas as benesses atuais.
CÂNDIDO E. DA COSTA FILHO
Cada um que se vire com doações particulares. Que façam campanhas baratas, não as altas produções cinematográficas, com marqueteiros caríssimos. O mundo se reinventa sempre, e tenho a certeza de que os candidatos também farão isso.
GUILHERME REIS
O voto “em branco” deveria ser considerado como voto válido para, ao menos, ser considerado para a formação do coeficiente eleitoral e, consequentemente, o coeficiente partidário. Seus efeitos? São os de uma legítima cláusula de barreira, pela elevação daqueles coeficientes.
MILTON CÓRDOVA JUNIOR
Rodrigo Janot O procurador Rodrigo Janot deve se orgulhar das críticas que vem recebendo. Demérito seria receber elogios de tipos tão desprezíveis. E não custa lembrar: só se atira pedra em árvores que dão bons frutos!
LAFAYETTE PONDÉ FILHO
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(São Paulo, SP)
Advocacia O artigo de Claudio Lamachia (“O dia da advocacia”, Tendências/Debates, 11/8) cita só uma ação da OAB como exemplo recente de sua atuação diante dos “desafios que lhe são impostos”: a conclusão de que houve crime de responsabilidade de Dilma. Os comentários seguintes soam como autojustificativa para um latente sentimento de culpa pelo golpe. Algo parecido com o que o também presidente da OAB, Carlos Povina Cavalcanti, pronunciou quando do apoio da entidade ao golpe militar. Dizia estar em paz com a consciência.
JOSÉ ZIMMERMANN FILHO
Educação Sobre o editorial “Educação desfocada” (“Opinião”, 11/8), garantir ênfase em português e matemática na base curricular nacional é como oxigenar a vida dos estudantes brasileiros. Entretanto há quem prefira vê-los respirando mal e sem perspectivas de futuro saudável, autônomo e próspero. Ler e escrever com clareza e transitar nas operações matemáticas com desenvoltura são direitos. São desprezíveis os que se interpõem na obtenção de um direito fundamental.
DORALICE ARAÚJO,