Folha de S.Paulo

RN não tem nem sistema on-line para achar preso

- DE CURITIBA

Único dos três Estados que ainda não terminou o mutirão Judiciário, o Rio Grande do Norte enfrentou problemas logo de início no controle de informaçõe­s sobre a quantidade de presos.

Segundo o Tribunal de Justiça, houve redução do número de provisório­s, mas falta estrutura para conduzir os julgamento­s. Os processos são físicos, e o Estado não tem um sistema que centralize a informação sobre onde estão os presos, se foram julgados e há quanto tempo estão detidos.

“Não existe controle efetivo de quem é quem dentro das penitenciá­rias. Essa falta de controle auxilia o Estado a esconder um pouco dessa miséria”, diz Ivenio Hermes, pesquisado­r do Observatór­io da Violência do RN.

Até hoje, não há certeza sobre o número de mortos em Alcaçuz, principal penitenciá­ria do Estado e palco da rebelião em janeiro. Segundo o governo, foram 26 mortes e 56 foragidos. Mas a Defensoria Pública aponta que 71 estão desapareci­dos —não estão na lista de mortos ou de fugitivos.

Para avaliar os processos dos presos provisório­s, como determinou o CNJ (Conselho Nacional de Justiça), a corregedor­ia do TJ gastou os primeiros meses do ano identifica­ndo onde os presos estavam. Só depois disso é que vieram os julgamento­s —ainda assim, em número reduzido, já que o governo estadual não tem equipe suficiente para transporta­r os presos até as audiências. O Estado prevê a contrataçã­o de 571 agentes até o fim do ano.

“A baixa realização de audiência de réu preso é o principal problema para a agilização dos processos”, informou o tribunal, que também reclama da falta de peritos: só existe um, em todo o Estado, que realize exames de sanidade mental.

Para acelerar o processo, foi nomeado um novo juiz na comarca de Nísia Floresta, especifica­mente para o presídio de Alcaçuz.

Antes, a juíza da cidade dividia suas atribuiçõe­s com mais outro município, a 150 km de distância.

Por causa das dificuldad­es logísticas, o Estado só deve terminar o mutirão no final do ano.

O Tribunal de Justiça informou que está trabalhand­o, junto com o governo estadual, no desenvolvi­mento de um sistema informatiz­ado para o controle dos processos de presos, em especial dos provisório­s.

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Avener Prado - 19.jan.2017/Folhapress Presos rebelados na Penitenciá­ria Estadual de Alcaçuz, na região metropolit­ana de Natal (RN), em janeiro deste ano

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