Solução pacífica para crise é possível, diz vice dos EUA
O serviço de inteligência da Venezuela anunciou neste domingo (13) a prisão de18 pessoas acusadas de envolvimento no ataque de um grupo armado opositor ao chavismo a uma base militar de Valencia, há uma semana.
A ação, chamada por seus autores de “Operação David”, foi a primeira a atingir as Forças Armadas venezuelanas desde o início da onda de protestos contra o regime de Nicolás Maduro, em abril.
Gustavo González López, chefe do Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional (Sebin), afirmou que foram capturados neste domingo dois dirigentes do Sindicato dos Enfermeiros acusados de envolvimento no levante.
González também incluiu entre os acusados empresários e integrantes da Igreja Católica. Os agentes conseguiram recuperar parte das 80 armas roubadas do Forte Paramacay, roupas camufladas, munição, equipamentos de comunicação e cartazes com menções aos artigos 333 e 350 da Constituição —que se referem à rebelião da população contra um governo ou autoridade que viole a Carta e os direitos humanos.
Na sexta (11), foram capturados os líderes do levante: o ex-capitão Juan Caguaripano, expulso do Exército em 2014 acusado de conspiração contra Maduro, e o primeiro-tenente Yefferson García dos Ramos, responsável pela guarda do paiol de armas atacado pelos insurgentes. EXTREMA DIREITA O Sebin ainda procura outras 23 supostos envolvidos e fez pedidos de captura internacional à Interpol de cinco supostos mandantes. Dentre eles, o ex-dirigente estudantil Nixon Moreno, chamado de “chefe de uma quadrilha insurgente” por González.
Moreno, que mora nos EUA, deixou a Venezuela em 2008 após ser acusado de chefiar um grupo armado. Também estão na lista a mulher do opositor, a jornalista Patricia Poleo, e os dirigentes opositores Roderick Navarro e Eduardo Bittar.
Os quatro fazem parte do chamado Foro Libertad, grupo de extrema direita que rejeita tanto o chavismo quanto a coalizão opositora Mesa de Unidade Democrática (MUD). Nos últimos dias, eles deram seu apoio ao movimento de Caguaripano.
Em seu canal de YouTube, Poleo entrevistou nesta semana homens armados que se dizem ligados ao ex-capitão e se chamam de “A Resistência”, apesar de não terem relação ainda conhecida com os “black blocs”das manifestações contra Maduro, que utilizam o mesmo nome.
Dentre eles, o ex-policial Óscar Pérez, que roubou um helicóptero do governo, sobrevoou Caracas e atirou uma granada na sede do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) em 27 de junho. Ele continua foragido.
DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
O vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, disse neste domingo (13) ser possível uma solução pacífica para a crise na Venezuela, após um encontro com o presidente colombiano, Juan Manuel Santos, em Cartagena.
A declaração é feita dois dias após o presidente americano, Donald Trump, dizer que não descarta a “opção militar” no país caribenho. A frase foi repudiada pelo chavismo, pela oposição e pelos países latino-americanos.
O republicano afirma que os americanos estarão juntos com “as nações livres do nosso hemisfério [ocidental] até que a democracia seja restaurada” para os venezuelanos.
“Nós temos muitas opções para a Venezuela, mas o presidente ainda continua confiante que, trabalhando com todos os nossos aliados na América Latina, nós possamos chegar a uma solução pacífica”, disse. “Nós simplesmente não vamos aceitar o aparecimento de uma ditadura no nosso hemisfério.”
No encontro, Santos respondeu ao afirmar que uma intervenção militar não deveria ter sido sequer cogitada. “O fantasma das intervenções militares na América Latina sumiu há muito tempo e não queremos que ele volte.”
Além de Pence, diretor da CIA, Mike Pompeo, também tentou amenizar a declaração do presidente. Ele disse que a intenção de Trump foi dar aos venezuelanos “esperança e oportunidade de criar uma situação em que a democracia possa ser restaurada”.
Neste domingo (13), a coalizão opositora Mesa de Unidade Democrática (MUD) condenou o que chamou de “ameaça militar de qualquer potência estrangeira” e responsabilizou Maduro por transformar a Venezuela em uma ameaça regional.
A coalizão, porém, começa sua nota citando a “interferência cubana” nas Forças Armadas e não menciona diretamente os EUA ao se referir à ameaça de Trump.
“A MUD rejeita o uso da força, ou a ameaça de aplicar a mesma, por parte de qualquer país, conforme a Declaração das Nações Unidas.”