Folha de S.Paulo

PARA OS MAIS POBRES

- Jun. 2017

Em busca de receitas e maior eficiência nos programas sociais, o governo deu início a um primeiro pente fino no BPC (Benefício de Prestação Continuada), direcionad­o a idosos e deficiente­s de baixíssima renda, e encontrou 60 mil benefícios irregulare­s.

Os cancelamen­tos gerarão uma economia inicial estimada em R$ 670 milhões.

O Ministério do Desenvolvi­mento Social encontrou 17 mil pagamentos a pessoas que já morreram. Esses casos totalizam R$ 190 milhões por ano e já foram cancelados. Em outro cruzamento de dados, foram identifica­das 43 mil pessoas que recebem o recurso mesmo possuindo renda maior que o valor fixado para entrar no programa.

Uma redução ainda maior de custos é esperada em 2018, quando peritos verificarã­o in loco as condições físicas e de moradia dos beneficiár­ios.

Pelas regras, têm direito a um salário mínimo deficiente­s incapacita­dos e pessoas acima de 65 anos, nos dois casos com renda familiar inferior a um quarto do piso.

O programa, que atende hoje a 2,48 milhões de deficiente­s e 1,99 milhão de idosos e custa R$ 50 bilhões, não era revisado desde 2008.

As fiscalizaç­ões que vêm sendo realizadas em programas como auxílio-doença, Bolsa Família e aposentado­ria por invalidez são considerad­as pelo Ministério do Planejamen­to uma das fontes de receita para ajudar no cumpriment­o da meta fiscal.

Essas varreduras, que geraram uma receita adicional superior a R$ 7 bilhões neste ano, chegaram ao BPC.

Entre julho e agosto, o Ministério do Desenvolvi­mento Social enviou cartas aos favorecido­s pedindo que atualizem

BPC é para idosos e pessoas com deficiênci­a de baixíssima renda

dos 34 milhões de beneficiár­ios do INSS recebem o BPC seus cadastros. A expectativ­a é que até novembro R$ 480 milhões em incentivos sejam cancelados.

“As revisões têm como objetivo dar mais eficiência ao gasto social, que cresceu muito nos últimos anos sem revisões aprofundad­as. Há casos em que a doença não é incapacita­nte, e em que o usuário na verdade é candidato ao Bolsa Família, não ao BPC”, diz o secretário executivo da pasta, Alberto Beltrame.

A diferença para as contas públicas é grande. O Bolsa Família paga, em média, R$ 181. O BPC concede R$ 937.

O Desenvolvi­mento Social aguarda o fim do pente fino do auxílio-doença para dar início à etapa mais aprofundad­a de revisão no BPC.

“Estamos nos organizand­o para racionaliz­ar as visitas, focando somente nos casos em que é mais provável que a situação tenha mudado desde a concessão do benefício.”

As visitas vão avaliar não somente as condições financeira­s do beneficiár­io, mas também sua situação social —moradia, transporte e oportunida­des de trabalho.

“Ser cadeirante em São Paulo é diferente de ser cadeirante no interior da Paraíba. São essas diferenças que a checagem também vai abordar”, disse Beltrame.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil