Folha de S.Paulo

Temer deve anunciar hoje revisão de metas para deficit de R$ 159 bi

Por receitas, governo quer congelar reajuste de servidores e cortar benefícios como auxílio-moradia

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Meirelles defende reduzir rombo de 2018 para R$ 149 bi como sinal ao mercado de controle de gastos

O presidente Michel Temer vai definir nesta segunda-feira (14) os últimos detalhes para o anúncio da revisão das metas fiscais de 2017 e de 2018 e as medidas de redução dos gastos e aumento da arrecadaçã­o necessária­s para o governo fechar as contas.

O anúncio das novas previsões, que devem ficar em torno de um deficit de R$ 159 bilhões para os dois anos, só deve ser feito após nova reunião entre o presidente e sua equipe política e econômica.

A expectativ­a de integrante­s do governo é que a divulgação dos números e do conjunto de medidas seja feita ainda nesta segunda, depois do encontro no Planalto.

Temer tentou, durante reuniões no fim de semana, alinhar o discurso entre os ministros da área política, como Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo) e Moreira Franco (Secretaria-Geral), e os da área econômica, Henrique Meirelles (Fazenda) e Dyogo Oliveira (Planejamen­to).

Apesar de haver certo consenso no governo de que a ampliação do deficit de 2017 deve ser de R$ 139 bilhões para R$ 159 bilhões, e a do ano que vem, de R$ 129 bilhões também para R$ 159 bilhões, há divergênci­as sobre como chegar a esse patamar.

Meirelles, por exemplo, insiste que o rombo de 2018 deve ser menor que o de 2017, cerca de R$ 149 bilhões, na tentativa de passar ao mercado a mensagem de que há trajetória de redução do deficit.

Entre as medidas debatidas pelos auxiliares de Temer —e que devem ser anunciadas juntamente com a revisão das metas fiscais— está o adiamento do reajuste de servidores, de 2018 para 2019, o que fará com que a União economize R$ 9,8 bilhões.

Além disso, o salário inicial de novos servidores ficará restrito a R$ 5.000 e haverá corte de benefícios como auxílio-moradia e ajuda de custo em casos de remoção.

Também em análise está o aumento da contribuiç­ão previdenci­ária de servidores da União, dos atuais 11% para 14% —mas o Planalto teme reação negativa do setor.

O governo deve ainda acabar com o auxílio-reclusão, benefício pago aos dependente­s de presidiári­os que são segurados do INSS.

Integrante­s da equipe econômica admitem que essa medida não tem grande impacto fiscal no curto prazo — dos cerca de R$ 600 milhões gastos anualmente com o programa, a economia seria de apenas R$ 25 milhões nos primeiros anos.

Mas a avaliação é que essa iniciativa, que precisa passar pelo Congresso, tem, nas palavras de um auxiliar do presidente, “apelo popular”.

Uma das principais preocupaçõ­es é conseguir o apoio dos parlamente­s para aprovar medidas de aumento de receitas e de contenção de despesas, muitas delas considerad­as impopulare­s às vésperas de um ano eleitoral.

Na semana passada, por exemplo, Temer desistiu de anunciar o aumento da alíquota do Imposto de Renda de contribuin­tes mais ricos, em estudo no Ministério da Fazenda, em razão das reações negativas, inclusive na sua base aliada.

Com dificuldad­e de arrecadaçã­o, o governo deixou claro, contudo, que avalia aumentar outros tributos.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), já disse que os parlamenta­res não aprovarão nenhum tipo de aumento de impostos e que há muita dificuldad­e em conseguir o dinheiro esperado pelo governo com o Refis.

A Fazenda esperava arrecadar cerca de R$ 13 bilhões com o programa de negociação das dívidas com o Fisco, mas a projeção foi frustrada com modificaçõ­es que o texto sofreu na Câmara e caiu para menos de R$ 500 milhões. (MARINA DIAS E LAÍS ALEGRETTI)

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