Folha de S.Paulo

Contra perda de pacientes, clínicas criam rede popular

Desemprego afetou plano de saúde e derrubou o número de consultas

- FILIPE OLIVEIRA

Iniciativa de sindicato do setor tenta recuperar atendiment­os cobrando de R$ 90 a R$ 120 em consultóri­o particular DE SÃO PAULO

Para reagir à perda de pacientes de planos de saúde e ao avanço das redes populares, clínicas paulistana­s vão se unir para divulgar serviços e oferecer consultas mais baratas, de R$ 90 a R$ 120.

A Rede Integra a iniciativa já une 54 clínicas e começará fazer os primeiros atendiment­os a partir de outubro.

O segmento de redes com preços populares tem rápida expansão, apostando em unidades em locais de grande movimento, agendament­o on-line e tecnologia para dar eficiência à gestão.

O Dr.Consulta, rede fundada em 2011 e que tem preços a partir de R$ 110, já possui 39 unidades, 12 delas abertas neste ano. A Docctor Med, criada em 2009 e que oferece atendiment­os a partir de R$ 60, tem 48 centros médicos, 9 inaugurado­s em 2017.

A Rede Integra, que terá central de atendiment­o telefônica e por aplicativo, é liderada pelo Sindhosp (sindicato paulista de hospitais, clínicas e laboratóri­os). Presidente do sindicato, Yussif Ali Mete Jr. diz que a iniciativa deve ajudar clínicas a aproveitar melhor sua capacidade de atendiment­os, que não vem sendo totalmente usada.

Alexandre Merofa, executivo que dirige a rede, afirma que as clínicas associadas irão ratear custos como propaganda e tecnologia, levando em conta o porte de cada uma. Nos primeiros meses, as contribuiç­ões devem variar entre R$ 250 e R$ 1.000.

Segundo ele, será possível, conforme a rede se desenvolve­r, criar novas parcerias, como para para compra equipament­os com desconto ou troca de melhores práticas. MAIS PACIENTES A adesão à rede traz expectativ­a de aumento de movimento para Elizabete Inazaki, gerente-geral do Centro Clínico Santa Maria, na zona leste de São Paulo. Com 19 especialid­ades e capacidade de atender 16 mil pessoas por mês, a clínica mas vem recebendo só cerca de 10 mil.

Segundo ela, o movimento caiu 30% neste ano pressionad­o pelo desemprego, que fez recuar o número de pessoas com planos de saúde, que representa­m 80% das consultas da clínica.

De dezembro de 2014 a dezembro de 2016, 2,7 milhões de pessoas deixaram de ter convênio de saúde, segundo a ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementa­r). Hoje, 47,7 milhões possuem planos.

A consulta na Santa Maria custa de R$ 150 a R$ 260. Mesmo com atendiment­o mais barato a partir da rede, Inazaki diz que será possível fechar as contas caso consiga aumentar seus pacientes.

“As clínicas da rede já prezam pela qualidade, pelo bom atendiment­o. A união nos deixará mais fortes”, diz.

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