Folha de S.Paulo

Não quero ser abordada dessa forma”, diz Jamile.

- GILMARA SANTOS

COLABORAÇíO PARA A FOLHA

O cliente faz uma compra, é bem atendido e deixa seus dados na loja. Instantes depois, começa a receber seguidas mensagens com promoções de produtos e serviços que não são do seu interesse, disparadas aleatoriam­ente pelos vendedores. A boa impressão do primeiro contato se transforma em antipatia.

Casos assim são exemplo do mau uso das redes sociais por pequenas empresas e causam desgaste na imagem da marca, além de abrirem brechas para multas e processos judiciais.

Segundo o consultor do Sebrae-SP Edgard Neto, há dois extremos atualmente: estabeleci­mentos que enchem o consumidor de informação nas redes sociais e os que não mandam nada, perdendo oportunida­des de negócio. O desafio do empreended­or é encontrar a forma correta de se aproximar dos clientes.

“Estamos na era do marketing de relacionam­ento, mas todo cliente quer ser único e especial. Mandar muitas propaganda­s pode ter um efeito contrário ao desejado, por ser também uma prática invasiva e impessoal”, diz Neto.

Mensagens que exigem uma resposta de texto por parte do cliente estão entre as mais irritantes, na opinião da coach vocacional Jamile Dertkigil, 52.

“Me sinto invadida quando recebo seguidas mensagens de lojas. Não conheço a pessoa que está entrando em contato e sou obrigada a responder pelo menos para dizer que não gostei de ser chamada pelo WhatsApp e que PEÇA LICENÇA Apesar de não existir uma regra quanto ao envio de conteúdo pelas redes sociais, é necessário ter autorizaçã­o do cliente antes de sair disparando mensagens.

“A empresa deve consultar o consumidor previament­e sobre o seu interesse em receber, ou não, ofertas por meio de mensagens ou redes sociais”, afirma a Fundação Procon-SP, por meio de nota.

Em 2013, a entidade emitiu

EDGARD NETO

Sebrae-SP comunicado­s sobre o tema e alertou que alguns casos desrespeit­am o Código de Defesa do Consumidor, podendo gerar punições.

“Não há legislação específica sobre o tema, mas o consumidor pode procurar o Judiciário para reparação”, diz o Procon-SP.

“Empresas que enviam propaganda­s sem solicitaçã­o ou autorizaçã­o prévia do cliente podem receber multas que variam de R$ 450 a R$ 6,5 milhões”, afirma Rafael Zanatta, advogado e pesquisado­r em telecomuni­cações do Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor).

Na avaliação do advogado, a punição se aplica a diferentes modos de receber a comunicaçã­o, seja por e-mail, ligações telefônica­s, redes sociais ou aplicativo­s de mensagem. “As práticas de abordagem são sempre semelhante­s, o que muda é a tecnologia utilizada.” MODERAÇÃO Para tirar proveito de maneira eficiente e consciente das redes sociais, o empreended­or precisa conhecer o perfil de sua clientela, além de saber qual é o melhor dia e horário para encaminhar a publicidad­e.

“Costumamos mandar as novidades no início da semana. Esse hábito alavancou o consumo das nossas clientes, porque todas adoram promoções”, diz a empresária Regina Bonini, dona da Pin Up Estética. Ela afirma que aumentou o seu faturament­o em 15% desde que passou a divulgar o seu salão de beleza por aplicativo­s de mensagem, além de montar um site.

O comerciant­e Fernando Szmoisz, 44, também viu nas redes sociais uma oportunida­de para divulgar seu produto, o palmito. Hoje, 90% das vendas são feitas pelas redes sociais.

A principal vantagem é o baixo investimen­to: em geral, os gastos se limitam ao pacote de dados necessário para acessar a internet.

“Isso democratiz­a a propaganda, porque antes as pequenas empresas só tinham a panfletage­m como forma de divulgação dos seus produtos e serviços”, diz o professor Edney Souza, da ESPM.

“Estamos na era do marketing de relacionam­ento, mas todo cliente quer ser único. Mandar muitas propaganda­s pode ter um efeito contrário ao desejado

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