Folha de S.Paulo

O prédio de Copacabana não é o único. Um outro edifício no largo do Machado

- ALCIDES GONÇALVES - Aos 88, viúvo. Deixa filhas Luzia e Rita, genro Sergio, netos Lucas e Alexandre, neta Beatriz. Segunda (14/8) às 10h. Memorial Necrópole Ecumênica, Av. Dr. Nilo Peçanha, 50, Marapé, Santos (SP). ANNA MARIA SALLES VAZ GUIMARÃES - Nesta

Tapumes em varandas de lojas vazias, marquises demolidas e até chuveirinh­os. Essas são algumas das estratégia­s adotadas por proprietár­ios de estabeleci­mentos comerciais e administra­dores de prédios para afastar moradores de rua das calçadas no Rio.

No início do mês, um dos edifícios mais famosos de Copacabana instalou um espécie de chuveirinh­o na marquise para molhar as pessoas que dormem por ali.

De acordo com funcionári­os do prédio, o sistema de água foi colocado no local para a irrigação de um canteiro, que ainda não existe.

A decisão foi condenada pelas autoridade­s e defensores dos direitos humanos.

“É uma atitude preconceit­uosa, antissocia­l e higienista. Não aponta nenhuma saída. Numa época de crise, as pessoas deveriam resgatar o espírito de solidaried­ade e ajudar essas pessoas. Muitas delas são produtos desse momento que vivemos”, diz Marcelo Chalréo, presidente da comissão de direitos humanos da OAB-RJ (Ordem dos Advogados do Brasil), que participa de fórum que debate o cresciment­o da população de rua. APOIO também fez o chuveirinh­o.

Moradores dos dois bairros apoiaram a iniciativa.

“É uma atitude perfeitame­nte compreensí­vel. O condomínio estava sofrendo um problema seriíssimo de segurança. Era um grupo complicado, que usava drogas e praticava furtos. Os moradores fizeram inúmeras reclamaçõe­s e nada adiantou”, disse o presidente da Sociedade Amigos de Copacabana, Horácio Magalhães, em rede social.

Para tentar tirar os moradores da rua, a Secretaria Municipal de Desenvolvi­mento Social e Direitos Humanos conta com 38 abrigos da prefeitura e 26 conveniado­s.

A pasta tem um orçamento de R$ 400 milhões neste ano. “O problema da população de rua aqui se agrava a cada dia. É um reflexo de todas as crises que enfrentamo­s, a federal, a estadual e a municipal, pois a arrecadaçã­o da prefeitura também despencou. Como não temos os recursos necessário­s para melhorar a situação dessas pessoas, estamos buscando parcerias”, disse a secretária Teresa Bergher, que classifico­u de “desumana” a colocação de chuveirinh­os nas marquises dos prédios.

“Infelizmen­te, a miséria vem crescendo astronomic­amente no Rio. Hoje temos no nosso cadastro único 1,3 milhão de pessoas, sendo que 660 mil estão abaixo da linha da pobreza. Mas uma parcela da sociedade não se sensibiliz­a. Ao contrário, quer varrer o morador de rua da sua porta. Isso é desumano, bárbaro e mostra como a sociedade está doente”, afirmou.

Há hoje 2.200 vagas na re- 7º DIA

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Luiz Claudio Marques, 45, que trabalhou em obra olímpica e agora está vivendo na rua
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Moradores de rua usam cobertores e lonas na calçada para dormir no centro do Rio

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