Nova diretriz fixa critério mais rígido de colesterol
A Prefeitura de Ilhabela, no litoral norte de São Paulo, deve resolver ainda neste semestre um impasse que já dura um ano: o destino de um navio oceanográfico que o município recebeu por doação no ano passado da USP (Universidade de São Paulo) e que tem dividido opiniões.
De um lado, um movimento liderado por mergulhadores locais espera que a embarcação seja afundada para criar um recife artificial.
A ideia, segundo os idealizadores, é estimular o turismo, por meio de atividades subaquáticas, além de promover pesquisas científicas e recuperar a biodiversidade.
No contraponto está um grupo que quer transformar o navio em um museu. A proposta, encabeçada pela ONG Imar (Instituto do Mar), prevê a restauração da estrutura e a manutenção da embarcação em Ilhabela como ponto turístico e educacional.
O navio, que leva o nome do professor Wladimir Besnard, foi construído na Noruega em 1967. Ele era utilizado para pesquisas do Centro de Oceanografia da USP até 2006. Nos 40 anos em que esteve à disposição da universidade, foi seis vezes para a Antártida e transportou cerca de 50 mil amostras de organismos marinhos. Em 2008, após um incêndio, foi considerado pelo instituto inapto para navegação.
Para decidir o futuro do navio, a administração municipal fará audiência pública para ouvir a opinião dos moradores. O encontro estava previsto para a primeira quinzena de agosto, mas foi adiado porque o Instituto do Mar solicitou ao Condephaat (órgão estadual do patrimônio) o tombamento da embarcação como patrimônio histórico.
O secretário de meio ambiente de Ilhabela, Mauro Oliveira Pinto, disse que será necessário um parecer do órgão antes de prosseguirem as discussões. Segundo ele, a cidade tem pressa para resolver o impasse porque desde que recebeu a doação do navio, em 2016, tem desembolsado R$ 50 mil mensais para mantê-lo atracado em Santos. PROPOSTAS O oceanógrafo Roberto Ávila Bernardes afirma que a ideia de afundar o navio partiu de operadoras de mergulho de Ilhabela.
Segundo ele, a ilha já é conhecida pelo grande número de embarcações que afundaram ao seu redor no passado, mas teve uma redução no turismo subaquático por falta de novos atrativos. “Tais navios que afundaram há décadas encontram-se quase destruídos, não oferecendo mais um mergulho atrativo.”
Ele afirma que caso seja aprovada a proposta do afundamento, será feito um estudo para definir o melhor local, levando em consideração transparência da água, biodiversidade marinha e circulação de correntes.
A região da praia Serraria, no norte de Ilhabela, é o local favorito para o naufrágio.
Bernardes afirma que essa prática já foi realizada com êxito em alguns lugares do mundo, como EUA e Austrália. Segundo o oceanógrafo, um navio afundado na Austrália gerou um ganho de US$ 9 milhões à economia local em um ano. No Brasil, Rio das Ostras (RJ) e Guarapari (ES) também promoveram naufrágios controlados.
Para Fernando Liberalli Simoni, presidente do Instituto do Mar, usar o navio como escola e museu é uma solução mais abrangente. Ele diz que naufragá-lo vai “restringir a visitação ao turismo privilegiado de mergulhadores”.
Além disso, Simoni afirma não existem avarias significativas que comprometam sua navegabilidade. Ele explica que o museu seria formado por objetos próprios do navio, restaurados a sua condição original, além dos relatos do diário de bordo e via- gens por ele realizadas.
O secretário Oliveira Pinto diz que as duas opções são viáveis e de interesse da administração municipal. Há no entanto, uma diferença orçamentária: a opção do museu não geraria custos adicionais ao município e seria patrocinado pela iniciativa privada, enquanto o afundamento teria como valor estimado para as licenças e o tratamento obrigatório na embarcação de R$ 2 milhões.
Os valores, porém, não são um impedimento, diz ele. “Queremos ter um navio com naufrágio controlado, que será importante para o turismo. Se não for este, providenciaremos outra embarcação com o mesmo fim”, explicou.
O Instituto Mar diz que, se a prefeitura conseguir outro navio para naufrágio, assume o compromisso de viabilizar o licenciamento ambiental.
Alvo é quem já sofreu evento cardiovascular
A SBC (Sociedade Brasileira de Cardiologia) tornou mais rígida a taxa de referência de colesterol ruim (LDL) para quem tem perfil de alto risco —aqueles que já passaram por problema cardiovascular grave, como infarto ou derrame.
A mudança está na atualização da “Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose”, documento que serve como referência e fonte de informação para os cardiologistas do país.
As recomendações da SBC incluem um novo perfil de “risco muito alto”, relacionado a indivíduos que já tiveram evento cardiovascular. Para esses casos, a taxa de LDL deve ser mantida abaixo de 50 mg/dl —antes, era 70 mg/dl.
Os casos de “risco alto”, categoria máxima da versão anterior, de 2013, continuarão com a recomendação de LDL abaixo de 70 mg/dl — voltada para quem perfil propenso a um infarto ou derrame, mas que ainda não passou por isso anteriormente.
Neste grupo, estão diabéticos, pessoas com aneurisma de aorta abdominal, doença renal crônica e os que têm altas taxas de LDL.
“Temos que ser mais agressivos no tratamento para redução de colesterol”, diz André Faludi, presidente do departamento de aterosclerose da sociedade de cardiologia.