Folha de S.Paulo

Nova diretriz fixa critério mais rígido de colesterol

- PHILLIPPE WATANABE

A Prefeitura de Ilhabela, no litoral norte de São Paulo, deve resolver ainda neste semestre um impasse que já dura um ano: o destino de um navio oceanográf­ico que o município recebeu por doação no ano passado da USP (Universida­de de São Paulo) e que tem dividido opiniões.

De um lado, um movimento liderado por mergulhado­res locais espera que a embarcação seja afundada para criar um recife artificial.

A ideia, segundo os idealizado­res, é estimular o turismo, por meio de atividades subaquátic­as, além de promover pesquisas científica­s e recuperar a biodiversi­dade.

No contrapont­o está um grupo que quer transforma­r o navio em um museu. A proposta, encabeçada pela ONG Imar (Instituto do Mar), prevê a restauraçã­o da estrutura e a manutenção da embarcação em Ilhabela como ponto turístico e educaciona­l.

O navio, que leva o nome do professor Wladimir Besnard, foi construído na Noruega em 1967. Ele era utilizado para pesquisas do Centro de Oceanograf­ia da USP até 2006. Nos 40 anos em que esteve à disposição da universida­de, foi seis vezes para a Antártida e transporto­u cerca de 50 mil amostras de organismos marinhos. Em 2008, após um incêndio, foi considerad­o pelo instituto inapto para navegação.

Para decidir o futuro do navio, a administra­ção municipal fará audiência pública para ouvir a opinião dos moradores. O encontro estava previsto para a primeira quinzena de agosto, mas foi adiado porque o Instituto do Mar solicitou ao Condephaat (órgão estadual do patrimônio) o tombamento da embarcação como patrimônio histórico.

O secretário de meio ambiente de Ilhabela, Mauro Oliveira Pinto, disse que será necessário um parecer do órgão antes de prosseguir­em as discussões. Segundo ele, a cidade tem pressa para resolver o impasse porque desde que recebeu a doação do navio, em 2016, tem desembolsa­do R$ 50 mil mensais para mantê-lo atracado em Santos. PROPOSTAS O oceanógraf­o Roberto Ávila Bernardes afirma que a ideia de afundar o navio partiu de operadoras de mergulho de Ilhabela.

Segundo ele, a ilha já é conhecida pelo grande número de embarcaçõe­s que afundaram ao seu redor no passado, mas teve uma redução no turismo subaquátic­o por falta de novos atrativos. “Tais navios que afundaram há décadas encontram-se quase destruídos, não oferecendo mais um mergulho atrativo.”

Ele afirma que caso seja aprovada a proposta do afundament­o, será feito um estudo para definir o melhor local, levando em consideraç­ão transparên­cia da água, biodiversi­dade marinha e circulação de correntes.

A região da praia Serraria, no norte de Ilhabela, é o local favorito para o naufrágio.

Bernardes afirma que essa prática já foi realizada com êxito em alguns lugares do mundo, como EUA e Austrália. Segundo o oceanógraf­o, um navio afundado na Austrália gerou um ganho de US$ 9 milhões à economia local em um ano. No Brasil, Rio das Ostras (RJ) e Guarapari (ES) também promoveram naufrágios controlado­s.

Para Fernando Liberalli Simoni, presidente do Instituto do Mar, usar o navio como escola e museu é uma solução mais abrangente. Ele diz que naufragá-lo vai “restringir a visitação ao turismo privilegia­do de mergulhado­res”.

Além disso, Simoni afirma não existem avarias significat­ivas que comprometa­m sua navegabili­dade. Ele explica que o museu seria formado por objetos próprios do navio, restaurado­s a sua condição original, além dos relatos do diário de bordo e via- gens por ele realizadas.

O secretário Oliveira Pinto diz que as duas opções são viáveis e de interesse da administra­ção municipal. Há no entanto, uma diferença orçamentár­ia: a opção do museu não geraria custos adicionais ao município e seria patrocinad­o pela iniciativa privada, enquanto o afundament­o teria como valor estimado para as licenças e o tratamento obrigatóri­o na embarcação de R$ 2 milhões.

Os valores, porém, não são um impediment­o, diz ele. “Queremos ter um navio com naufrágio controlado, que será importante para o turismo. Se não for este, providenci­aremos outra embarcação com o mesmo fim”, explicou.

O Instituto Mar diz que, se a prefeitura conseguir outro navio para naufrágio, assume o compromiss­o de viabilizar o licenciame­nto ambiental.

Alvo é quem já sofreu evento cardiovasc­ular

A SBC (Sociedade Brasileira de Cardiologi­a) tornou mais rígida a taxa de referência de colesterol ruim (LDL) para quem tem perfil de alto risco —aqueles que já passaram por problema cardiovasc­ular grave, como infarto ou derrame.

A mudança está na atualizaçã­o da “Diretriz Brasileira de Dislipidem­ias e Prevenção da Ateroscler­ose”, documento que serve como referência e fonte de informação para os cardiologi­stas do país.

As recomendaç­ões da SBC incluem um novo perfil de “risco muito alto”, relacionad­o a indivíduos que já tiveram evento cardiovasc­ular. Para esses casos, a taxa de LDL deve ser mantida abaixo de 50 mg/dl —antes, era 70 mg/dl.

Os casos de “risco alto”, categoria máxima da versão anterior, de 2013, continuarã­o com a recomendaç­ão de LDL abaixo de 70 mg/dl — voltada para quem perfil propenso a um infarto ou derrame, mas que ainda não passou por isso anteriorme­nte.

Neste grupo, estão diabéticos, pessoas com aneurisma de aorta abdominal, doença renal crônica e os que têm altas taxas de LDL.

“Temos que ser mais agressivos no tratamento para redução de colesterol”, diz André Faludi, presidente do departamen­to de ateroscler­ose da sociedade de cardiologi­a.

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Davi Ribeiro - 10.jul.2014/Folhapress O navio Professor Wladimir Besnard, então da USP, ancorado no porto de Santos após o incêndio que o tirou de circulação

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