Folha de S.Paulo

Destino recebia famosos como rei inglês e primeira-dama dos EUA

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DO “NEW YORK TIMES”, NA CROÁCIA

Hvar não é o único destino turístico europeu a repensar as imensas ondas de visitantes que as passagens aéreas de baixo preço passaram a levar a esses lugares.

Veneza, por exemplo, limitou o número de navios de cruzeiro que a cidade recebe. Em Barcelona, o prefeito permitiu que La Boquería, o maior mercado de comida da cidade, recusasse a entrada de grandes grupos oriundos de excursões, o que acaba congestion­ando os corredores estreitos do local.

Mas as multidões continuam a crescer na Croácia e em muitos desses destinos, talvez em parte porque ataques terrorista­s levaram alguns visitantes a abandonar resorts antes populares no norte da África e no Oriente Médio. Ondas recentes de refugiados também levaram alguns turistas europeus a evitar ou encarar com cautela os hotéis da Grécia e da Itália.

“Por causa de alguns problemas de nossos vizinhos, muitos viajantes agora vêm para cá”, diz Eduard Andric, 66, presidente da União de Turismo e Serviços da Croácia. “No ano passado, houve um recorde de visitas. Neste ano, parece que esse número será batido mais uma vez.” PASSADO TURÍSTICO A ilha foi por décadas um ponto de parada querido por iatistas de verão e celebridad­es de todo o planeta.

Depois de abandonar o trono britânico por causa da mulher que amava, o ex-rei da Inglaterra Eduardo 8º (18941972) e sua companheir­a passaram por lá para nadar, em 1936. Jacqueline Onassis, mais conhecida como Jackie Kennedy (1929-1994), visitou a ilha pouco depois do assassinat­o do presidente americano John Kennedy, em 1963. O casal Jay-Z e Beyoncé, o ator Tom Cruise, o cineasta Orson Welles (1915-1985), o líder da banda U2, Bono Vox, e outros famosos também passaram por lá.

Não que esse turismo de luxo tenha deixado de existir. No ano que vem, devem ser inaugurado­s três hotéis em Hvar, todos eles resorts cinco estrelas, os primeiros da ilha.

É um movimento que vem desde a criação da Associação Higiênica de Hvar, em 1868, que estimulou uma rápida construção de hotéis, restaurant­es e outras acomodaçõe­s no local —que se tornou referência turística.

Tanto que eventos como o Ultra Europe, um festival de música na vizinha Split, usa Hvar como base para as festas pós-shows e mantêm o arquipélag­o lotado nos meses de verão europeu.

Só que Hvar começa a reconhecer que nem todas as formas de turismo são iguais. “A ideia é não ter tantas pessoas”, diz Zaninovic Dawnay, 57, que trabalha em uma agência de imóveis. “O objetivo é ter menos pessoas, mas que gastem mais.”

“Quando alguém vem a Hvar, a expectativ­a é encontrar uma cidade culta, de qualidade”, afirma Senka Halebic, 31, porta-voz do Hula Hula, um dos mais populares clubes de praia local. “Essa moçada dorme em albergues e bebe álcool direto da garrafa por toda cidade. Os hóspedes exclusivos que chegam em grandes iates não querem ver jovens bêbados dormindo no píer pela manhã.” (RL)

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