PF admite erro em análise de telefonemas
Delegada reconhece problemas após contestação da defesa de filho de ministro do TCU
A Polícia Federal reconheceu ao Supremo Tribunal Federal ter cometido erros na tabulação e análise de ligações telefônicas derivadas da quebra de sigilo em inquérito da Operação Lava Jato.
A apuração, iniciada a partir da delação do empreiteiro da UTC Ricardo Pessoa, investiga se o ministro do Tribunal de Contas da União Raimundo Carreiro recebeu R$ 1 milhão, por intermédio do advogado Tiago Cedraz, filho do então presidente do tribunal, Aroldo Cedraz, para decisão favorável à UTC em processo.
O caso no tribunal poderia comprometer obras da usina nuclear Angra 3. São investigados no mesmo inquérito os senadores do PMDB Renan Calheiros (AL), Romero Jucá (RR) e Edison Lobão (MA).
A delegada responsável pelo caso, Graziela Machado da Costa e Silva, entregou em junho relatório ao STF para apoiar a abertura de ação penal —o pedido está sob análise na Procuradoria-Geral da República. Um dos pontos realçados era o aparentemente enorme fluxo de telefonemas entre vários dos investigados.
Após ter acesso ao relatório, a defesa de Tiago Cedraz disse que um telefone fixo atribuído a ele na verdade pertence ao pai, Aroldo, sendo o número de sua casa; um celular atribuído ao ministro era “uma linha adquirida através de plano familiar”, tendo “sido sempre utilizada pela esposa do ministro”; e outro celular atribuído ao ministro “sempre foi de utilização exclusiva da filha caçula do ministro”, irmã de Tiago.
Com a falha, a PF passou a considerar como conversas entre Aroldo e Tiago, segundo argumentou a defesa do advogado, contatos que podem ter tido outra natureza.
A defesa também apontou erros na identificação de número RELATÓRIO DA PF SOBRE A INVESTIGAÇÃO SOBRE TIAGO CEDRAZ DEFESA DE TIAGO CEDRAZ do escritório de Tiago, além de confusão entre telefones dos gabinetes no TCU.
A partir daí, a PF passou a reavaliar o material. Um ofício, intitulado “comunicação importante acerca de erro material” foi enviado no dia 10 ao ministro Edson Fachin.
Houve uma série de deficiências na análise. O telefone fixo que aparecia como sendo da casa de Aroldo Cedraz foi considerado como de Tiago, mas continuava sendo o da residência do ministro. A PF havia apontado 14.321 registros entre os dois interlocutores.
Ao explicar o problema, a delegada disse que Tiago fornecera à PF na retirada de seu passaporte, em 2012, o número telefônico considerado como seu no inquérito.
Embora tenha citado equívocos, ela defendeu conclusões do relatório anterior.
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[Ocorreu] erro material na alimentação dos extratos telefônicos encaminhados pelo TCU [Houve uma ] avassaladora confusão