Partido busca alternativa a Doria para SP
Com a relação azedada com o prefeito paulistano, João Doria, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, conversa sobre a disputa à sua sucessão com um genro do empresário Abilio Diniz, o cientista político Luiz Felipe D’Ávila, que se filiou ao PSDB na quarta-feira (16) e se colocou como pré-candidato.
Próximos há anos, Alckmin e D’Ávila estiveram juntos na semana passada para tratar de 2018. Na ocasião, o governador afirmou, segundo apurou a Folha, que D’Ávila se encaixa no perfil de quadros desejáveis para renovar a sigla. Foi, todavia, cauteloso, ao dizer que nomes tradicionais podem entrar na disputa.
A negociação, oficialmente tocada pelo presidente estadual do PSDB, Pedro Tobias, é mais um passo para cercar Doria. Movimentando-se para conseguir a vaga de presidenciável, almejada por Alckmin, o prefeito era apontado como nome forte para concorrer ao governo paulista e um ótimo cabo eleitoral.
Mas, diante da avidez de Doria, a equipe de Alckmin perdeu a confiança no prefeito, cujos aliados tampouco apostam na boa vontade de alckmistas para projetos políticos comuns.
Um auxiliar do governador afirmou que “perdeu a graça” trabalhar por uma possível candidatura estadual de Doria. Outro aliado disse que, sendo um bom prefeito de São Paulo, Doria contribuirá para não fomentar críticas ao PSDB e manterá a qualidade de cabo eleitoral.
O próprio Alckmin diz com frequência, segundo interlocutor, que não recomenda a renúncia de prefeito em primeiro mandato.
Contribuiu para acirrar a animosidade o vídeo divulgado por Doria no domingo (13), no qual ele reafirma a lealdade ao governador,seu padrinho na política. Alckmistas disseram que o governador foi pego de surpresa com a iniciativa e não conseguiu se desvincilhar. O resultado foi visto como constrangedor pela artificialidade e por comentários contra a candidatura presidencial de Alckmin nas redes.
A eventual candidatura de Luiz Felipe D’Ávila contempla a mesma argumentação sustentada para lançar Doria. Casado com Ana Maria Diniz, filha de Abilio, D’Ávila seria, como Doria, um “outsider” com discurso de renovação.
Além disso, ele tem entrada no meio empresarial, do qual já esboçou ser uma espécie de porta-voz. Em maio, o Centro de Liderança Pública (CLP), que fundou, lançou a campanha Apoie a Reforma, para pressionar deputados pelas mudanças na Previdência.
As relações do cientista político com o governador paulista passam por seu irmão Frederico D’Ávila (PP), que foi assessor e continua ligado ao tucano.