Alta da dívida faz Brasil destoar de países emergentes
Endividamento público supera 80% do PIB, segundo critério do FMI, e não deve parar de subir antes de 2022
Os 10 km de concreto nos morros de Lima separam realidades. De um lado, casas de R$ 47 mil têm por banheiro um buraco; do outro, em casarões de R$ 14 milhões, vê-se a capital peruana. Onde ruas são de terra, a água custa dez vezes o valor pago onde há asfalto. A água é barata para brancos e cara para índios. Leia “Respiro econômico”, sobre desempenho do país no 2º trimestre, e “Marco extemporâneo”, a respeito de demarcação de terras indígenas.
A dívida pública ultrapassou o equivalente a 80% da renda nacional, segundo critério do FMI (dados de junho de 2017). Para o governo, que adota outro cálculo, a dívida está em 73% do PIB.
Em um caso ou em outro, é um patamar que destoa entre as grandes economias emergentes: só o Brasil apresenta uma trajetória explosiva de endividamento do governo, que não será interrompida antes de 2022.
Para estancar a escalada da dívida, seria necessário destinar ao pagamento de juros uma parcela expressiva da receita da União.
A despesa brasileira com os juros, hoje, já beira os 7% do PIB. É mais do que se aplica em educação no país.
A arrecadação, porém, é insuficiente para cobrir gastos cotidianos —como pessoal, custeio administrativo e programas sociais— e as obras públicas.