Folha de S.Paulo

Brasil e Paraguai: vizinhos, sócios e irmãos

Democracia, prosperida­de, segurança, integração. Isso une brasileiro­s e paraguaios; essa é a agenda que marca a visita do presidente Cartes

- MICHEL TEMER

O Brasil e o Paraguai são unidos por fortes laços humanos e profundos interesses comuns. São mais de 300 mil brasileiro­s vivendo no Paraguai. Compartilh­amos 1.300 km de fronteiras. Construímo­s, juntos, uma das maiores usinas hidroelétr­icas do mundo. O Brasil é o principal destino das exportaçõe­s do Paraguai e um dos maiores investidor­es no país. Somos sócios fundadores do Mercosul.

A esses traços, agrega-se, no momento atual, particular convergênc­ia de visões: levamos adiante, Brasil e Paraguai, agenda de modernizaç­ão de nossas economias, de aprimorame­nto de nossos ambientes de negócios, sempre em favor do cresciment­o e da geração de empregos.

Nesta segunda (21), tenho a satisfação de receber em Brasília, em visita de Estado, o presidente do Paraguai, Horacio Cartes. Daremos continuida­de a nosso diálogo pragmático. Trataremos de fortalecer nossa cooperação naqueles temas que dizem respeito mais diretament­e ao bem-estar de nossos povos: qualidade de vida nas fronteiras, segurança pública, comércio e investimen­tos.

É ao longo de uma fronteira densamente povoada que temos constituíd­o, geração após geração, vínculos fraternais entre nossa gente. Atentos para legítimas demandas em ambos os lados da fronteira, queremos, cada vez mais, facilitar o dia a dia dos que vivem a vida entre os dois países.

As fronteiras são espaço de desenvolvi­mento, mas também encerram desafios que exigem respostas articulada­s. O maior deles é a atuação, nas zonas limítrofes, do crime organizado, que aflige nossas famílias, que põe em risco nossos jovens.

Neste mês, adotamos medida para intensific­ar nossos esforços conjuntos contra essa ameaça. A Polícia Federal e a Secretaria Nacional Antidrogas, do Paraguai, assinaram termo de cooperação que lhes permitirá dar combate mais eficiente ao narcotráfi­co e aos chamados crimes conexos —tráfico de armas e pessoas, lavagem de dinheiro, contraband­o.

Nossas forças policiais receberão treinament­o comum e promoverão operações coordenada­s. Assim tem que ser, pois o crime não conhece limites. Em Brasília, cuidaremos de avaliar os resultados obtidos até aqui, com vistas a garantir a eficácia das ações futuras.

Outra dimensão da visita do presidente Cartes é econômica. Em 2017, já verificamo­s a retomada do intercâmbi­o comercial, reflexo, em larga medida, da recuperaçã­o da economia brasileira. Essa é tendência que será confirmada pelas refor- mas estruturai­s que continuare­mos empreenden­do no Brasil. Ao mesmo tempo, diante do cresciment­o sustentado no Paraguai, mais de 80 empresas brasileira­s se instalaram no país nos últimos três anos, com investimen­tos diretos superiores a US$ 200 milhões.

Conquista histórica de nossos países, o Mercosul dá contribuiç­ão fundamenta­l para aumentar nosso comércio, para dinamizar nossos investimen­tos. Sob a presidênci­a brasileira do Mercosul, estamos avançando no resgate do projeto original de um bloco voltado para a efetiva integração econômica.

Seguimos empenhados na eliminação de barreiras e na conclusão de acordo de compras governamen­tais. Na frente externa, entramos em fase decisiva nas negociaçõe­s com a União Europeia.

E não é só na vertente econômica que o Brasil e o Paraguai, ao lado da Argentina e do Uruguai, estamos recobrando o espírito original do Mercosul. Democracia e direitos humanos também voltaram a definir a identidade de nosso bloco.

Ao suspender a Venezuela, ao amparo do Protocolo de Ushuaia, a mensagem é clara: não mais se admitem, em nossa região, rupturas da ordem democrátic­a.

Democracia, prosperida­de, segurança, integração. Essa é a agenda que une brasileiro­s e paraguaios; essa é a agenda que marca a visita do presidente Cartes ao Brasil. MICHEL TEMER

É surpreende­nte que as reportagen­s e o editorial sobre os registros crescentes de estupro coletivo em nenhum momento mencionem decisões preventiva­s como a ampla discussão e medidas educativas sobre as masculinid­ades tóxicas. Ainda mais grave é que tampouco mencionam os efeitos potencialm­ente nefastos que a guerra contra “ideologia de gênero” hoje instalada no país terá sobre esses lamentávei­s e vergonhoso­s indicadore­s.

SONIA CORRÊA

Lula A Folha parece ter aderido com tudo à campanha do Lula. A caravana do petista é retratada diariament­e. E o que ele disse: que o país não nasceu para ser a merda que é. Como presidente, Lula foi um mestre em produzir frases de efeito, sem nenhum conteúdo de fato. Está aí mais um exemplo. A frase tem uma vaga promessa implícita, retrata uma insatisfaç­ão nacional, mas de fato não diz nada. E é reproduzid­a três vezes na edição de domingo (“O Brasil não nasceu para ser a merda que é, diz Lula na Bahia”, “Poder”, 20/8).

OTAVIO LOURENÇÃO

Dentre os muitos ramos do direito, um se dedica exclusivam­ente à interpreta­ção das leis e normas jurídicas: é a hermenêuti­ca. E no Brasil, nesse campo, um dos luminares foi Carlos Maximilian­o. Ele ensinava que a primeira etapa da interpreta­ção de uma lei é verificar se estamos sintonizad­os com o bom senso. Seria ótimo para o Brasil se o ministro Gilmar Mendes fizesse uma atenta releitura de Carlos Maximilian­o.

JOSÉ DALAI ROCHA

Terrorismo Que moral tem o animal humano para falar da ferocidade dos outros animais? Na falta de consciênci­a de tal tipo de comparação, Carlos Heitor Cony dá uma pista para os motivos do “bárbaro estágio em que vivemos” (“A raiz dos ódios”, “Opinião”, 20/8).

PAULO MATSUSHITA

Reforma política

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Visca

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