Folha de S.Paulo

Na eleição de 2016, 93% dos valores ficariam ocultos

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DE SÃO PAULO

Noventa e três por cento de doações ocultas.

É o que poderia acontecer se o relator da reforma política na Câmara, Vicente Cândido (PT-SP), ressuscita­sse o texto em que permitia anonimato em doações eleitorais de até três salários mínimos.

Levantamen­to feito pelo cientista de dados Leonardo Sales nas prestações de contas das eleições de 2016 mostra que 2,951 milhões de doações ficaram abaixo daquele teto no ano passado.

O número representa 93% dos casos. Em valores, esses doadores de pequenas quan- tias somaram R$ 1,308 bilhão, mais da metade de tudo o que foi destinado às campanhas políticas em 2016.

No pleito de 2014, em que ainda eram permitidos doadores pessoa jurídica, o percentual de pequenos valores foi menor, mas expressivo.

Foram 70% as doações inferiores a três salários mínimos, um contingent­e de 318 mil doadores, que destinaram no total R$ 235,4 milhões a candidatos. NOVAS REGRAS torais. Até então, apenas os repasses diretos tinham sua origem explícita.

Dessa forma, se uma pessoa destinasse dinheiro a uma sigla e esta encaminhas­se os recursos a um candidato, não era possível vincular o doador ao político.

Em 2015, uma tentativa de ressuscita­r a prática dentro de uma minirrefor­ma elaborada pelos congressis­tas foi derrubada pelo Supremo.

Na reforma política em curso, Cândido havia incluído em seu relatório a possibilid­ade de que doadores não tivessem seus nomes divulgados, a não ser para autoridade­s. Na última terça-feira

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