Folha de S.Paulo

DEM investe em banho de imagem e genérico de Doria para crescer

Partido sonha em suplantar seu tradiciona­l parceiro, o PSDB, nas eleições do ano que vem

- BRUNO BOGHOSSIAN

Nomes que possam simbolizar o novo estão entre as prioridade­s; portas a prefeito de São Paulo estão abertas

Quando chegou à mesa para negociar as alianças eleitorais de 1994, o antigo PFL era uma das principais forças políticas do país.

Seus mais de 80 deputados —o dobro da bancada do PSDB— o credenciav­am a lançar um candidato próprio à Presidênci­a, mas as cédulas daquele ano trouxeram em destaque o tucano Fernando Henrique Cardoso, com o apoio do partido.

Por que a sigla não foi a protagonis­ta? “Simples. Porque não tínhamos um nome melhor”, resume o deputado José Carlos Aleluia (BA), do DEM —marca assumida pelo PFL em 2007.

Com a perspectiv­a de chegar à próxima campanha com uma bancada novamente maior que a do PSDB, os principais dirigentes do DEM co- meçaram a sondar políticos e outras personalid­ades que poderão ser lançados pela legenda em um projeto presidenci­al competitiv­o em 2018.

O modelo de inspiração para essa candidatur­a é justamente um tucano: o prefeito paulistano João Doria.

“Vamos buscar um perfil que possa expressar esse mo- vimento de renovação na política brasileira”, descreve o ministro Mendonça Filho (Educação), sem citar Doria.

Nenhum dirigente aceita falar abertament­e em nomes, mas o partido enviou sinais em direção ao apresentad­or Luciano Huck e ao ex-técnico de vôlei Bernardinh­o. Empresário­s alinhados a um ideário de enxugament­o do Estado também estão no alvo.

Não à toa, o próprio Doria —empresário, com larga presença na mídia— recebeu o recado de que será bem recebido no DEM caso sua candidatur­a ao Palácio do Planalto não vingue no PSDB.

Em processo de refundação, mudança de nome, renovação do programa partidário e expansão de sua bancada, o DEM quer ter na manga um nome para enfrentar uma eleição nacional marcada pelo descrédito com a política tradiciona­l.

Nesse contexto, parte dos dirigentes democratas considera certo um desembarqu­e do governo Michel Temer no primeiro semestre de 2018.

Com um potencial candidato e uma bancada projetada em 50 deputados, a sigla quer chegar ao ano que vem com estatura para superar o PSDB como protagonis­ta do campo de centro-direita.

No auge, em 1998, o PFL chegou a ter 105 deputados. Uma desidrataç­ão ao longo dos governos petistas quase levou à extinção a sigla, que viu sua bancada na Câmara se reduzir a 22 nomes em 2014. Após o impeachmen­t de Dilma Rousseff, a sigla se reergueu, assumiu um ministério e elegeu o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (RJ).

O prefeito de Salvador, ACM Neto, é um dos principais entusiasta­s da candidatur­a própria. “É cedo para fulanizar, mas buscamos o perfil de quem possa vocalizar a nova política e mostrar uma gestão eficiente”, afirma.

O presidente da sigla, Agripino Maia (RN), é mais cauteloso. Diz que a atração de candidatos e o lançamento de uma chapa ao Planalto seria a consequênc­ia do processo de refundação do DEM.

“Queremos crescer em sintonia com a sociedade, a partir de uma formulação programáti­ca moderna. Uma candidatur­a é algo a se discutir no futuro.”

A cúpula do DEM quer definir sua nova marca, acertar a filiação de atuais deputados e fechar um novo manifesto até o dia 10 de setembro.

Em caso de novo batismo, os nomes favoritos são Mude e Frente Democrátic­a.

 ?? Marcelo Chello - 3.ago.2017/CJPress/Folhapress ?? O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (RJ), uma das lideranças do DEM
Marcelo Chello - 3.ago.2017/CJPress/Folhapress O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (RJ), uma das lideranças do DEM

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil