Folha de S.Paulo

Aliados de Aécio Neves entram na mira da legenda

- JOSÉ MARQUES

Com o PSDB em crise, membros do partido ligados ao senador Aécio Neves (MG) passaram a ser sondados pelo DEM, principal aliado no plano nacional, que tem tentado se expandir com insatisfei­tos de outras legendas.

A iniciativa do Democratas é estratégic­a e visa preencher o espaço eleitoral dos tucanos, atualmente divididos, entre outras questões, sobre a permanênci­a no governo Temer.

“Estamos tentando ocupar a lacuna deixada pelo PSDB, que está mais preocupado com questões internas”, diz o líder da bancada do DEM na Câmara, Efraim Filho (PB).

Uma dessas lacunas é Minas Gerais, reduto de Aécio. Com a segunda maior população do país, o Estado é considerad­o por dirigentes do DEM como um dos locais onde o partido estava “morto”, devido à forte influência do senador sobre os partidos aliados.

A legenda se move em duas frentes sobre os mineiros. De um lado, a executiva nacional corteja deputados próximos ao senador e críticos ao atual presidente interino do partido, Tasso Jereissati (CE), como Paulo Abi-Ackel e Marcus Pestana.

Ambos são amigos dos dirigentes do DEM e ainda não respondera­m ao pedido. Pestana diz foi “sondado e convidado” pelo DEM e o que o PSDB “vive o momento mais complicado de seus quase 30 anos”, mas se sente apegado aos tucanos porque é um dos fundadores do partido.

A outra frente é liderada pelo senador Ronaldo Caiado (GO), que age de forma mais independen­te da direção. Ele busca filiar o ex-presidente da Assembleia mineira Dinis Pinheiro (PP), pretenso candidato ao governo estadual que também fazia parte da base de Aécio Neves. INSATISFEI­TOS A linha frontal da expansão do DEM é formada por Rodrigo Maia (RJ), presidente da Câmara, Mendonça Filho, ministro da Educação, ACM Neto, prefeito de Salvador, Rodrigo Garcia, secretário da Habitação de São Paulo.

A ordem de “preencher espaços vazios” foca principalm­ente nos insatisfei­tos do PSB em Estados do Nordeste e Centro-Oeste.

Além disso, o DEM tenta pressionar diretórios a ter o máximo de candidatur­as majoritári­as em 2018.

Em São Paulo, Garcia tem trabalhado para se viabilizar como possível nome ao governo paulista, mas interlocut­ores afirmam que ele deve ser lançado ao Senado.

Além de 12 deputados do PSB em guerra com a direção da legenda, devem ser filiados o ministro Fernando Bezerra Filho (Minas e Energia) e seu pai, o senador Fernando Bezerra (PE).

Eles estudam alegar justa causa para sair do partido, devido à falta de compatibil­idade programáti­ca e às punições que receberam da direção pessebista, como destituiçã­o das executivas de diretórios estaduais e aberturas de processo na comissão de ética do partido.

“O ideal seria a criação de um novo partido, mas como isso não vai ficar pronto até 2018, vamos usar o CNPJ do Democratas com um novo programa”, diz o deputado Danilo Forte (PSB-CE).

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