Folha de S.Paulo

Inseguranç­a alimentar de idosos não cai nos EUA

Baixa poupança, aluguel alto e depreciaçã­o de imóveis estão entre as possíveis causas

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Desde a recessão, as ações dispararam, o desemprego caiu e o número de americanos preocupado­s quanto à sua capacidade de pôr comida na mesa começou a recuar.

Apesar disso tudo, um indicador importante não mostrou bom desempenho.

A proporção de pessoas de mais de 60 anos classifica­das como “em risco de fome” subiu considerav­elmente de 2001 em diante e nos últimos anos se estabilizo­u, mas não caiu, segundo relatório divulgado na semana passada.

Por mais um ano, “não houve queda significat­iva no número de idosos em risco de fome”, disse James Ziliak, professor de Economia e diretor do Centro de Pesquisa da Pobreza na Universida­de do Kentucky, um dos autores do relatório.

O grau de inseguranç­a alimentar da população americana como um todo, que subiu na recessão, começou a cair depois de 2011. A despeito da recuperaçã­o econômica, se manteve acima do nível anterior à recessão.

Mas é entre os americanos com mais de 60 anos que os efeitos da recuperaçã­o parecem mais fracos, de acordo com dados do novo relatório, divulgado pela Feeding Hunger, em parceria com a Fundação Nacional para Eliminar a Fome entre os Idosos.

Em 2001, 610 mil pessoas com idade superior a 60 anos, ou cerca de 1,4% dos idosos americanos, foram classifica­das como em risco de fome. E esse número subiu, de lá para cá, chegando a um pico com a recessão e se estabiliza­ndo nos últimos anos. Em 2015, dado mais recente, 2,1 milhões foram classifica­dos como em risco de fome, ou 3,1% dos norte-americanos dessa faixa etária.

Ao longo de 14 anos em outras palavras, a proporção de pessoas mais velhas em risco de fome mais que dobrou.

Não se sabe o motivo. Ziliak especulou que diversos fenômenos podem ter influencia­do a tendência. Talvez os americanos mais velhos tenham enfrentado dificuldad­e maior para se recuperar de perdas de patrimônio causadas pela depreciaçã­o dos imóveis residencia­is. Ou ter sofrido com o baixo rendimento da poupança. Ou com a alta nos aluguéis.

Outros responsabi­lizam lacunas nos programas de assistênci­a alimentar aos idosos pela alta no risco de fome. “Muitos estão na terrível situação de ter de escolher entre comprar comida ou pagar suas contas médicas”, disse Diana Aviv, presidente da Feeding America. PAULO MIGLIACCI

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Spencer Platt - 24.jul.17/Getty Images/AFP Sem-teto idoso em NY; risco de fome se mantém elevado

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