A ideia do aplicativo surgiu nesse cenário. “É uma forma
Maria de Nazaré, 29, Maria da Conceição, 35, Maria dos Remédios, 40, Joaquina Maria, 56, Maria Francelina, 70.
Elas e outras “marias” figuram entre as 84 mulheres assassinadas no Piauí nos últimos dois anos e foram a inspiração para a criação do “Salve Maria”, um aplicativo que facilita denúncias de violência contra a mulher.
Neste domingo, a Folha revelou que o número de estupros coletivos no país dobrou nos últimos cinco anos. Em 2016, foram registrados 3.526 casos, média de dez por dia.
No Piauí, entre 2011 e 2016, eles passaram de 4 para 46. Se considerada a variação da taxa de aumento por cem mil habitantes, o Estado ocupa o segundo lugar nesse ranking, com 1.050%, atrás de Pernambuco, com 1.150%.
A proposta da plataforma é que a vítima, parentes, vizinhos ou mesmo desconhecidos denunciem, em tempo real e de forma anônima, todo tipo de violência.
Há duas opções: o botão do pânico e o canal de denúncia. O primeiro deve ser usado em casos de extrema urgência, por exemplo, durante uma agressão. “O botão de pânico deve ser apertado no momento do delito, a ideia é que ele previna uma violência maior”, explica a delegada Eugênia Villa, subsecretária de Segurança Pública do Piauí.
O canal de denúncia é mais descritivo, a pessoa preenche um formulário e poderá enviar anexos, com fotos, áudios, vídeos do momento da violência, que vão ajudar na investigação. Em geral, são casos anteriores de violência.
Segundo a delegada, a mensagem chega às polícias Civil e Militar já com a localização da vítima, o que traz mais rapidez no atendimento da ocorrência.
“A violência contra a mulher ainda é muito mitigada. As pessoas acham que não devem meter a colher na briga de marido e mulher.”
Investigações de casos de mulheres assassinadas pelos parceiros no Piauí mostram que nenhuma delas tinha feito denúncias de agressões anteriores, embora amigos e vizinhos afirmem que elas eram frequentes.
“Os relatos são tenebrosos. De gritos, ameaças e agressões anteriores. Há também relatos de violência sexual rotineiramente praticados pelos companheiros antes de vir a matá-las. Essas mulheres foram mortas em silêncio.” APLICATIVO E PLANTÃO de a gente conseguir romper esse silêncio, entrar nessas casas para prevenir as mortes”, conta a delegada.
Segundo Eugênia, os policiais também estão sendo treinados para compreender que ameaça é crime. “Se essa ameaça não for atendida de forma qualificada, ela pode resultar em assassinato.”
O aplicativo também tem um botão informativo, com orientações sobre os vários tipos de violência contra a mulher. A plataforma se soma a outras iniciativas, como o banco de dados iPenha, do Ministério Público do Piauí, responsável por registrar os casos referentes à Lei Maria da Penha de forma estatística.
Por meio dele, a polícia