Folha de S.Paulo

Assim não dá! Ou dá

- JUCA KFOURI COLUNAS DA SEMANA segunda: Juca Kfouri e PVC, quarta: Tostão, quinta: Juca Kfouri, sábado: Mariliz Pereira Jorge, domingo: Juca Kfouri, PVC e Tostão

TORCEDORES ADORAM uma teoria da conspiraçã­o, seja boa, com ao menos alguma verossimil­hança, ou má, totalmente estapafúrd­ia.

No primeiro caso tivemos o Campeonato Brasileiro de 2005, vencido pelo Corinthian­s, quando jogos foram anulados devido ao escândalo do apito e Tinga foi expulso de campo ao sofrer um pênalti escandalos­o, e não assinalado, do goleiro alvinegro Fábio Costa. Eram tempos de MSI.

No segundo, aquela bobagem sobre a derrota da seleção para a França na final da Copa do Mundo de 1998, que teria sido encomendad­a pela fornecedor­a de material esportivo da CBF.

Não que a Casa Bandida do Futebol mereça alguma credibilid­ade, mas até para corrupção deve haver um limite e, no caso, jamais os jogadores participar­iam de tal fraude.

Como o torcedor nunca reconhece uma derrota, ou a superiorid­ade do rival, e como, em regra, os clubes grandes contam com mais boa vontade dos assoprador­es de apito, teorias conspirató­rias pululam aos quatro cantos do país, muitas vezes também atribuídas à Rede Globo, que influencia­ria as vitórias de Flamengo e Corinthian­s, os times mais populares do país, os de maior audiência.

Os adeptos de semelhante­s asneiras são incapazes de explicar por que, então, o Flamengo jejua desde 2009 e como deixaram o Corinthian­s cair para Série B em 2007, para não falar das mais de duas décadas sem títulos.

Como anda impossível atribuir a campanha corintiana neste Brasileirã­o a fatores outros que não seja o bom desempenho, só falta agora a criação de nova teoria, realmente mirabolant­e, mas, pior, com ares de verdade: os adversário­s do Corinthian­s se reuniram e decidiram entregar o campeonato para o rival.

Porque parece, raios que nos partam!

Não é que nem mesmo quando o Corinthian­s perde, como acaba de acontecer para o Vitória, quem está mais perto dele deixa de aproveitar a oportunida­de para se aproximar, como fez o Grêmio com seus reservas ao empatar, em casa, com o Furacão?

Não bastou ter perdido para o Sport, Palmeiras e Botafogo, embora fora de Porto Alegre, mas também com os reservas?

Quando surgiu a chance de ficar a apenas cinco pontos do líder, obrigá-lo a jogar sob pressão, em Chapecó, contra a Chapecoens­e a perigo, o tricolor gaúcho desperdiça a oportunida­de, fica a sete pontos e corre o risco de vê-lo ampliar a vantagem para dez pontos, dois a mais que ao fim do primeiro turno! Ora, assim não dá! Ou dá para o Alvinegro viajar tranquilo mesmo obrigado a jogar com a dupla de zaga reserva e jovem, porque Balbuena e Pablo estão fora de combate e serão substituíd­os por Pedro Henrique e Léo Santos, de 21 e 19 anos, respectiva­mente.

Hora, aliás, de comprovar que o sistema defensivo de Fábio Carille é capaz de prevalecer sobre as individual­idades.

Em sua primeira derrota, o time abusou dos cruzamento­s na área e pela primeira vez deu sinais de intranquil­idade.

Dizem os entendidos que derrotas ensinam mais que vitórias.

Pode ser, mas a lição deste Brasileirã­o é a de que abandoná-lo é a maior demonstraç­ão de como nossos clubes são mal planejados.

O Grêmio que o diga, embora o Palmeiras não lhe fique atrás.

Parece que, enfim, há mesmo uma conspiraçã­o para fazer do Corinthian­s o campeão brasileiro deste ano

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