Folha de S.Paulo

CUBA EM COPACABANA

Mais celebrado autor cubano da atualidade, Leonardo Padura vem ao Brasil para eventos e fala sobre novo livro

- NAIEF HADDAD

“É algo quase mágico”, afirma o romancista cubano Leonardo Padura.

O mais celebrado nome da literatura contemporâ­nea da ilha do Caribe se anima ao comentar a sua ligação com os leitores do Brasil.

“Quando estou no Rio e faço minhas caminhadas pela orla de Copacabana, há pessoas que me param e perguntam: ‘Você é o Padura, o homem que amava os cachorros?’”, lembra, aos risos. Ele fala à Folha por telefone de sua casa no bairro de Mantilla, em Havana, onde vive desde que nasceu, há 61 anos.

Traduzido para dez idiomas, o romance histórico “O Homem que Amava os Cachorros” já vendeu cerca de 75 mil exemplares no Brasil, uma proeza para o mercado editorial do país.

A trajetória de Padura na literatura já alcança três décadas, mas no Brasil só ganhou visibilida­de mesmo há pouco mais de três anos, com o lançamento desse livro, que colecionou prêmios na Europa e na América Latina.

Como escreve Frei Betto na introdução da edição brasileira, “é e não é uma ficção”. Em “O Homem que Amava os Cachorros”, Padura revive o exílio de Leon Trótski no México e a trajetória do espanhol Ramón Mercader, que matou o líder soviético em 1940.

Nesta semana, os leitores de Copacabana poderão rever o autor cubano. Ele participa no Rio de eventos na Biblioteca Nacional (dia 25) e livraria da Travessa (26).

A maratona brasileira não se restringe à cidade dos romances “noir” de Rubem Fonseca, por quem Padura guarda enorme admiração.

Antes do Rio, o cubano realiza conferênci­as na série Fronteiras do Pensamento —a primeira em Porto Alegre hoje, 21, e a segunda em São Paulo na quarta, 23. Ainda na capital paulista, ele fala com o público no Masp no dia 24.

O que explica o sucesso entre os leitores brasileiro­s?

Padura enumera hipóteses. Diz que a atuação das editoras no país tem sido determinan­te. Ele chegou ao mercado brasileiro por meio da Companhia das Letras e hoje seus livros são editados pela Boitempo, “editora pequena que dedicou todos os esforços para promover essa novela [‘O Homem que Amava os Cachorros’].

O ex-jornalista acrescenta a visibilida­de conquistad­a como colunista da Folha, função exercida por três anos.

Por fim, e principalm­ente, o livro sobre Trótski e Mercader encontrou no Brasil “um público que estava esperando uma novela como essa”.

Em que pese essa última explicação, um tanto genérica, diga-se, ele não demonstra receio de que seu nome fique associado a uma obra só.

Lançado em 2015 no Brasil, seu livro “Hereges” já vendeu por aqui em torno de 26 mil exemplares. Também está em catálogo no país a série “Estações de Havana”, composta pelos romances policiais “Máscaras”, “Ventos de Quaresma”, “Passado Perfeito” e “Paisagem de Outono”, os quatro com o investigad­or Mario Conde como o personagem principal.

Pelo conjunto da obra, aliás, o cubano recebeu em 2015 o prêmio espanhol Princesa das Astúrias de Literatura, um dos mais prestigios­os do continente europeu. PRÓXIMOS LIVROS Padura conversou com a reportagem no final da tarde do último dia 10 de agosto. Horas antes, pela manhã, o escritor havia entregue à sua editora, a espanhola Tus- quets, a sua nova novela, batizada por ele como “La Transparen­cia del Tiempo”.

No livro, Mario Conde investiga o roubo de uma estatueta do século 13 em uma trama que permite a Padura explorar um tema que lhe é caro, a relação entre o homem e a história.

O romance sai em Cuba e na Espanha no ano que vem e deve ganhar versão em língua portuguesa em 2019.

Influencia­do por expoentes da literatura policial, como o espanhol Manuel Vázquez Montalbán, Padura tem dedicado parte expressiva da sua obra ao gênero. Mas também são frequentes suas visitas a outros território­s.

É o caso de “Novela de mi

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Leonardo Padura na cozinha de sua casa, em Havana
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O romancista cubano no bairro de Mantilla, onde vive desde que nasceu, há 61 anos

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