Folha de S.Paulo

Inovação e educação digital

- DENIS MIZNE E RONALDO LEMOS

Qualificar a educação pública e desenvolve­r um ambiente propício à inovação são dois dos maiores desafios do Brasil. Países que há algumas décadas enfrentara­m essas tarefas alcançaram resultados estruturai­s positivos, com cresciment­o econômico de longo prazo e melhoria substancia­l das condições de vida da população.

O pretexto para a articulaçã­o das duas estratégia­s é forte. De um lado, jovens motivados e com formação de qualidade são a base dos processos inovadores. De outro, só uma sociedade que estimula um ambiente transforma­dor é capaz de gerar uma educação inclusiva e em sintonia com seu tempo.

Um dos temas centrais dessa relação é o uso das tecnologia­s digitais para fins pedagógico­s.

Conectar escolas à internet rápida, garantir a infraestru­tura necessária para seu uso em cada sala de aula, prover conteúdos digitais de qualidade e formar professore­s para que sejam protagonis­tas na incorporaç­ão da tecnologia à sua prática podem elevar os indicadore­s de aprendizad­o, motivar a comunidade escolar e promover um ambiente de maior igualdade de oportunida­des.

O Brasil ainda não acordou integralme­nte para esse desafio. As iniciativa­s federais para inserir escolas públicas na era digital são louváveis, mas as políticas atuais ainda entregam velocidade de conexão, infraestru­tura e formação insuficien­tes.

Estados e municípios passaram a buscar formas de suprir essa lacuna, porém enfrentam diversos obstáculos, da falta de recursos à ausência de informaçõe­s. Reconhecer que ainda é pouco o que está sendo feito é essencial para avançarmos.

Algumas das ações necessária­s já são conhecidas. Na base desse processo está a implementa­ção de uma política que articule as dimensões de infraestru­tura, conteúdos e habilidade­s. A criação de metas nacionais também é fundamenta­l, especialme­nte quanto à velocidade das conexões.

Dado o desenho do pacto federativo brasileiro, precisamos de um sistema que descentral­ize recursos para que as secretaria­s de educação contratem os serviços de conexão e redes internas das escolas. Na ponta, devemos garantir um sistema de monitorame­nto confiável e transparen­te.

As limitações na infraestru­tura de telecomuni­cações são um obstáculo relevante, bem como a escas- sez de recursos. Há, no entanto, soluções viáveis e adequadas, como a utilização do Fundo de Universali­zação dos Serviços de Telecomuni­cações (Fust).

A prioridade no uso desse instrument­o é duplamente desejável: tem potencial de conectar com qualidade todas as escolas públicas e de promover a expansão das telecomuni­cações nacionais.

Esse uso do Fust produzirá um ambiente em que todos têm a ganhar, uma vez que os recursos arrecadado­s no setor passariam a retroalime­ntá-lo a partir da contrataçã­o de serviços de conexão para as mais de 140 mil escolas públicas do país.

É nesse contexto que se insere a construção da Estratégia Brasileira para a Transforma­ção Digital, atu- almente em consulta pública, que busca traçar os horizontes de atuação federal nos próximos cinco anos em áreas que se relacionam por meio da “economia digital”.

Não por acaso, um dos capítulos do documento é sobre educação, com uma visão de futuro sobre o tema. A consulta se encerra em 31 de agosto e a contribuiç­ão da sociedade é muito importante.

O momento é de crise, mas a implementa­ção de políticas e estratégia­s para conectar as escolas públicas ao século 21 não pode esperar.

Usar a crise como oportunida­de para priorizar ações de alto impacto é o que se espera dos gestores públicos e demais atores envolvidos com o tema. DENIS MIZNE, RONALDO LEMOS Folha

Em vez de os partidos se preocupare­m em modificar siglas, deveriam se unir contra os altos salários, regalias e o maléfico índice de corrupção. Mudar nome não altera o caráter dos políticos. Muitas siglas são verdadeiro­s balcões de negociatas para acomodação de candidatos em cargos majoritári­os. Criamse novos partidos pensando muito mais nos privilégio­s e na verba partidária do que em inovação de pensamento ou de ideologia.

CÉLIO BORBA

Infelizmen­te, a democracia não deu certo no Brasil por falta de idoneidade dos três Poderes e por promiscuid­ade entre o Estado e o crime organizado. Para nos livrarmos do risco do retorno da ditadura, é preciso pensar urgentemen­te numa reforma do Estado, por meio de assembleia constituin­te referendad­a pelo povo.

JOSÉ MARIA ALVES DA SILVA

Henrique Meirelles Sob Lula, Meirelles era uma fera enjaulada. Temer abriu a jaula, para alegria de banqueiros e rentistas. Da classe média para baixo, todos pagaremos caro pela irresponsa­bilidade fiscal e insensibil­idade social deste governo (“Reforma ajuda futuro governo, diz ministro”, “Mercado”, 22/8).

JOSÉ MARCOS THALENBERG

Ministro barrado

Muitas mulheres foram espancadas e mortas. Nada aconteceu. A corrupção está aí e sempre há protestos e manifestaç­ões. Há muita gente para defender a política, porém faltam homens para defender as mulheres.

ROGÉRIO DE SOUZA PIRES

PSDB Divirjo respeitosa­mente de Renato Janine. O PSDB agiu corretamen­te ao apoiar o impeachmen­t de Dilma. Errou ao não adotar o mesmo critério para isolar e condenar Temer. Ambos praticaram contravenç­ões e merecem o mesmo tipo de tratamento (“PSDB entregou o poder ao PMDB e expôs sua imagem”, “Poder”, 23/8).

MAURÍLIO POLIZELLO JUNIOR

Colunistas Muito boa a analogia de Hélio Schwartsma­n (“Redução de danos políticos”, “Opinião”, 23/8). Não há reforma, apenas ajustes com requintes de guaribada, para manter o status quo. Uma reforma deveria incluir a redução do número de partidos e deputados, a transparên­cia da governança e a abolição da imunidade parlamenta­r. Além disso, a criação de fundo eleitoral com recursos públicos é absurda, pois o cidadão acaba por arcar com os custos para obter seu emprego. Por que os candidatos também não o fazem?

JOÃO CARLOS A. FIGUEIRA

Rodeios

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