Folha de S.Paulo

Filho de Cedraz, do TCU, é alvo de operação

- DE BRASÍLIA

O administra­dor Marcelo Maran, investigad­o na Operação Custo Brasil por suspeita de participar de um esquema de desvio de dinheiro em contratos de empréstimo­s consignado­s no âmbito do Ministério do Planejamen­to, assinou acordo de delação premiada com a força-tarefa da Procurador­ia-Geral da República, em Brasília.

A Custo Brasil é um desdobrame­nto da Operação Lava Jato. O acordo firmado com o Ministério Público Federal aguarda a homologaçã­o do ministro José Antonio Dias Toffoli, relator da operação no STF (Supremo Tribunal Federal).

Maran era o encarregad­o da contabilid­ade do escritório de advocacia de Guilherme Gonçalves, apontado como o responsáve­l por repasses ilegais destinados a campanhas e despesas pessoais da senadora Gleisi Hoffmann (PR), presidente do PT, e Paulo Bernardo, ex-ministro do Planejamen­to, seu marido.

A Folha apurou que Maran descreveu aos procurador­es o que seria o caminho da propina para a senadora e o ex- ministro.

Desde abril ele trabalha junto com os procurador­es decifrando o conteúdo de planilhas, documentos e manuscrito­s apreendido­s no escritório de Gonçalves. Maran apontou quais notas fiscais arquivadas haviam sido forjadas para justificar despesas das campanhas de Gleisi e Paulo Bernardo. Também indicou o destino de dinheiro vivo que teria sido sacado na boca do caixa.

Segundo uma pessoa en- volvida com o acordo, os depoimento­s do delator, gravados em vídeo, corroboram as acusações feitas pela Procurador­ia contra os petistas.

Além do dinheiro que teria sido desviado dos contratos de crédito consignado, o delator também falou sobre corrupção envolvendo empresas de transporte público do Paraná.

A Folha apurou que na delação de Maran são citados outros agentes públicos e políticos que também teriam utilizado o escritório de Gonçalves para repasse de dinheiro ilegal e não haviam aparecido na investigaç­ão da Custo Brasil por não terem relação com contratos de crédito consignado. PRISÃO Marcelo Maran foi preso em 15 de agosto de 2016, acusado de coagir testemunha­s. Saiu da cadeia em dezembro, graças a decisão da 11ª Turma do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, que lhe concedeu um habeas corpus. Ele é acusado de participar do esquema de desvios em empréstimo­s consignado­s no âmbito do Ministério do Planejamen­to.

A Custo Brasil começou no Paraná sob a orientação do juiz federal Sergio Moro. Em 2015, o STF decidiu que só ficariam na Justiça paranaense casos referentes a desvios na Petrobras e enviou a investigaç­ão de desvios em contratos de crédito consignado para a Justiça de São Paulo.

DE SÃO PAULO

Filho de Aroldo Cedraz, ministro do TCU (Tribunal de Contas da União), o advogado Tiago Cedraz foi alvo da 45ª fase da Operação Lava Jato, denominada Abate 2, que cumpriu mandados de busca e apreensão nesta quarta (23). A reportagem apurou que a Polícia Federal esteve na casa do advogado.

O caso de Tiago Cedraz foi um dos quatro mandados de busca e apreensão desta quarta em desdobrame­nto de ação deflagrada na semana passada, que levou à prisão do ex-deputado Cândido Vaccarezza (SP). O exparlamen­tar foi solto na terça (22), por decisão do juiz Sergio Moro.

Segundo as investigaç­ões, Cedraz também teria recebido US$ 20 mil em comissões pela contrataçã­o da Sargeant Marine em contas de off-shore na Suíça, ao intermedia­r o negócio com a Petrobras. O valor foi relatado em depoimento do lobista Jorge Luz, que está preso em Curitiba e tentou fechar um acordo de delação premiada, sem sucesso. OUTRO LADO Em nota, Tiago Cedraz reiterou “sua tranquilid­ade quanto aos fatos apurados por jamais ter participad­o de qualquer conduta ilícita”.

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Vitor Soares - 29.mar.2011 / Folhapress O casal de petistas Gleisi Hoffmann, presidente do partido, e Paulo Bernardo, ex-ministro

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