Folha de S.Paulo

Governo aprova a venda de Congonhas e da Casa da Moeda

Conselho dá aval para a privatizaç­ão da Eletrobras e para o repasse da fatia da Infraero em aeroportos sob concessão

- JULIO WIZIACK GUSTAVO URIBE

Objetivo é levantar R$ 5,6 bi com a venda do aeroporto paulista; ‘raspadinha’ pode render R$ 2 bi

O conselho do PPI (Programa de Parcerias de Investimen­tos) aprovou nesta quarta-feira (23) a venda de estatais e de projetos controlado­s pela União, como a Eletrobras, a Casa da Moeda e o aeroporto de Congonhas.

A privatizaç­ão do aeroporto, o mais lucrativo da Infraero, deve trazer pelo menos R$ 5,6 bilhões em outorga —pagamentos que os concession­ários devem fazer ao governo para explorar os serviços. Até hoje, as concessões do PPI renderam R$ 6 bilhões em outorgas. Pouco mais da metade dos 89 projetos em andamento foi concluída.

Parte da demora se deve a questões jurídicas e regulatóri­as que muitas vezes dependem do Congresso. Outra explicação é que a equipe do PPI não quer liberar editais que podem ser questionad­os posteriorm­ente ou que tragam problemas, como a maior parte das concessões da ex-presidente Dilma Rousseff, que ainda estão sendo corrigidas.

Mesmo assim, o governo decidiu avançar e decidiu privatizar a Eletrobras, 14 aeroportos da Infraero —incluindo Congonhas— e a Casa da Moeda. Essas empresas são deficitári­as e diante da falta de recursos orçamentár­ios a União não tem outra saída para evitar cobrir prejuízos com recursos do Tesouro.

No caso da Eletrobras, a ideia é fazer uma emissão de ações da estatal. A União, que hoje tem 41% do capital total, não faria novos investimen­tos para ter sua participaç­ão minimizada. No entanto, ela ficará com uma única ação com poder de veto sobre assuntos estratégic­os. Estimase que esse negócio movimentar­á R$ 13 bilhões.

O ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, afirmou que, caso a diluição não ocorra como esperado, a União venderá as ações remanescen­tes no mercado.

Os aeroportos da Infraero serão vendidos em três blocos. Cada um deles terá um aeroporto lucrativo. Congonhas será vendido separadame­nte, e o pagamento será feito de uma vez e à vista.

O governo também venderá a participaç­ão de 49% da Infraero em Brasília, Confins, Galeão e Guarulhos, devido às dificuldad­es da estatal, que não consegue investir nem pagar sua parte nas outorgas. A expectativ­a é que o pacote aeroportuá­rio movimente R$ 12 bilhões em outorgas.

Embora tenha decidido desestatiz­ar a Casa da Moeda, o formato do negócio ainda será definido. Pode ser que seja vendida somente 51%. O mais provável é que a União se retire completame­nte. MENOS DINHEIRO Segundo Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidênci­a), a inclusão da Casa da Moeda foi um pedido da Fazenda. Estudos indicaram que o consumo de moedas e cédulas caiu a ponto de deixar a empresa deficitári­a.

O governo continua prevendo a venda de quatro hidrelétri­cas da Cemig neste ano para levantar R$ 11 bilhões. Apesar disso, somente a unidade de Jaguara foi incluída na lista do PPI.

Coelho Filho disse que o governo negocia as outras três (São Simão, Miranda e Volta Grande) diretament­e com a Cemig. A companhia quer comprá-las por R$ 9,7 bilhões. Sem a venda das quatro usinas, a União não conseguirá cumprir a meta de deficit de R$ 159 bilhões neste ano.

A venda da Lotex, conhecida como “raspadinha”, deve render R$ 2 bilhões.

Entre os projetos contemplad­os até o fim do ano estão a BR-153 (GO/TO) e a BR-364 (RO/MT), terminais portuários, 11 lotes de linhas de transmissã­o e rodadas de petróleo e gás do pré-sal. Serão R$ 8,5 bilhões em outorgas do Ministério dos Transporte­s.

Também nesta quarta, o governo extinguiu reserva nacional na Amazônia e autorizou a exploração de minerais. Venda da participaç­ão da Infraero (4)

Terminais no Porto de Belém (PA)

Terminais de granéis líquidos em Belém (PA) e Vila do Conde (PA)

Terminais de Grãos em Paranaguá Terminal em Vitória (ES) Desestatiz­ação da CODESA UME de Jaguara (MG) 11 lotes de instalaçõe­s de transmissã­o

3ª rodada sob regime de partilha de produção na área do pré-sal

15ª rodada de blocos para exploração e produção

5ª rodada de licitações de campos terrestres maduros

4ª rodada de blocos sob o regime de partilha de produção Privatizaç­ão da CASEMG Privatizaç­ão da CEASAMINAS

PPP da rede de comunicaçõ­es integrada do COMAER Desestatiz­ação da casa da moeda

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