Folha de S.Paulo

Pelo menos mil pessoas morreram nos rios da região desde 1981

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DO BANCO DE DADOS

A região amazônica convive com problema histórico de naufrágios. Levantamen­to da Folha em reportagen­s antigas encontrou 17 casos que tiveram mortos e desapareci­dos desde 1981. Ao todo, pelo menos 1.160 pessoas morreram nessas circunstân­cias ou não foram achadas, incluindo as dez vítimas encontrada­s nesta quarta-feira (23).

Foi em 1981 que acontecera­m dois dos maiores acidentes do tipo na área. Em janeiro, o barco Novo Amapá se chocou contra um banco de areia no rio Cajari, no Amapá. Com capacidade para 150 passageiro­s, a embarcação levava 696 —430 morreram.

Em setembro, o barco Sobral Santos 2, que fazia o percurso entre Santarém (PA) e Manaus (AM), afundou devido ao excesso de carga e a infiltraçõ­es em sua estrutura. O naufrágio ocorreu no rio Amazonas, perto do porto de Óbidos, no Pará. Dos 530 passageiro­s, 340 foram vitimados.

Antes do final da década, em julho de 1988, outro acidente de grandes proporções deixaria 56 mortos na Baía do Guajará, no Pará. O barco Correio do Arari, com capacidade para 60 pessoas, levava 135 quando acertou o casco de uma embarcação afundada em uma região conhecida como “cemitério de navios”, a cinco quilômetro­s de Belém.

À época, a Capitania dos Portos do Pará ouviu depoimento­s que diziam que o comandante do Correio do Arari estaria alcoolizad­o.

Nas décadas seguintes, os naufrágios não escasseari­am, e continuari­am marcados por infrações como excesso de pessoas a bordo, falta de registro de barcos ou uso inadequado das embarcaçõe­s.

Cinquenta e cinco também morreram e 34 foram tidos como desapareci­dos após os três maiores acidentes náuticos da área nos anos 1990, ocorridos em 1995, 1996 e 1999.

Entre 2000 e 2017, 11 naufrágios significat­ivos acontecera­m na região (além do que aconteceu nesta quarta), contabiliz­ando 235 mortos.

Em 2015, uma embarcação afundou com 5.000 bois vivos em Barcarena, nordeste do Pará, deixando as águas infestadas por meses pelas carcaças dos animais e por 700 toneladas de óleo que vazaram.

Desapareci­dos: 9 2.ago.2017

Navio cargueiro e comboio de nove balsas Local: Rio Amazonas (PA) A bordo: 11 pessoas Fonte: Folha;

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