Livro digital tem 1,1% do setor, diz pesquisa
Levantamento inédito no país, feito no ano passado, mostra que e-books são mais um canal de leitura para consumidor habitual
Em países como Reino Unido, tal participação é de cerca de 25%; no Brasil, segmento de obras gerais predomina FOLHA
Cinco anos depois da chegada de multinacionais dos e-books e da disseminação do formato no país, o livro digital ainda não decolou. Em 2016, ele foi responsável por apenas 1,1% do faturamento da editoras nacionais.
Eles renderam R$ 42,5 milhões, contra R$ 3,8 bilhões das cópias físicas no mesmo período. Para se ter uma ideia, no Reino Unido essa participação é de cerca de 25%.
Os números estão no Censo do Livro Digital, realizado pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), sob encomenda da CBL (Câmara Brasileira do Livro) e do Snel (Sindicato Nacional dos Editores de Livros), divulgado nesta quarta (23).
É a primeira vez que essa pesquisa é feita no país. Das é a quantidade títulos do catálogo digital foi a quantidadede e-books vendidos em 2016, 87% deles no setor de obras gerais editoras ouvidas, 37% produzem e comercializam e-books.
“Descobrimos que o e-book é mais um canal de leitura. Acredito que para o leitor assíduo. Não vimos crescer o número de leitores, mas o consumo per capita de quem já lê. O investimento valeu muito a pena”, disse Marcos da Veiga Pereira, presidente do Snel e diretor da Sextante, para quem há espaço para crescimento.
Entre as grandes editoras nacionais, caso da Sextante, os e-books têm uma fatia maior no faturamento (4,5%). Pereira diz ainda que, em 2016, em meio a crise, viu as vendas digitais subirem 20%, enquanto o mercado encolhia.
A pesquisa revela ainda que o catálogo de livros digitais tem 49,6 mil títulos, mas sem considerar plataformas de autopublicação, mercado cada vez mais importante.
A Amazon não divulga números. Mas uma pesquisa no Kindle Unlimited, sua plataforma de assinaturas —que tem os livros apenas de algumas grandes editoras, mas todos os autopublicados do site—, mostra 48 mil títulos.
Há, contudo, uma inversão em relação ao mercado de livros físicos. Enquanto os didáticos representam, nesse segmento, 36% do faturamento, no mundo digital eles respondem por apenas 2%.
O setor de obras gerais (ficção, não ficção e autoajuda), por sua vez, é o grande motor dos livros digitais no país. Em 2016, 87% dos “exemplares” no formato, ou 58% da receita bruta, foram vendidos dentro desse setor.