Folha de S.Paulo

Moradores do arquipélag­o

Dançam ao som de música tradiciona­l e de nomes que renovam a cena do país a partir da herança de Cesária Évora; cantora, morta em 2011, é a artista mais conhecida do lugar

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“Eu adoro sertanejo. Amo Zezé Di Camargo e Daniel.” São essas as referência­s que Assol Garcia, 28, cantora de Cabo Verde, tem sobre o Brasil. Ela faz parte de uma nova geração de cantoras que segue os passos de Cesária Évora, ícone da música local morta em 2011. As novas artistas entoam canções que falam sobre seu país e seu povo. São coladeiras, mornas e funanás, ritmos tradiciona­is tocados no arquipélag­o.

A cantora Lura, 42, que desde os anos 1990 é conhecida pelo público, diz que os tra- balhos de Alcione, Elba Ramalho, Caetano Veloso, Chico Buarque e Elis Regina “são passagem obrigatóri­a” para um músico. Em relação ao Brasil, dispara: “Não conheço, mas adoro”. SOM DE HOJE Para entender um pouco da música feita no país vale a pena ouvir a voz de Carmem Souza em “My Favourite Things”, do álbum Kachupada. Ou Mayra Andrade e sua “Ilha de Santiago”.

Outra artista nova é Elida Almeida, que canta “Mar Sagrado”. Tudo está acessível no YouTube.

Na ala masculina, um dos nomes mais tocados atualmente é o do DJodje, cujo estilo se aproxima do pop romântico. Outros sucessos locais são Bana, Ildo Lobo, Tito Paris e Os Tubarões.

Nas ruas de Mindelo, principal cidade de São Vicente, terra natal de Cesária, há shows nas ruas de paralelepí­pedos, entre bares e casas noturnas. Ali, famílias balançam os corpos ao som dos ritmos tradiciona­is.

Olhando mais além, há um morro iluminado que lembra o carioca Vidigal, de onde emana o som do hip-hop.

Ali, questões políticas e sociais são exploradas pela voz de Ricardo Lopes, 27, rapper, dançarino e um dos fundadores do Alaim (Academia Livre de Artes Integradas do Mindelo), de onde saem profission­ais como atores, músicos e bailarinos, que ajudam a manter viva a vocação artística do lugar. (KARIME XAVIER)

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