Folha de S.Paulo

De volta aos anos 80

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BRASÍLIA - Salário-mínimo de R$ 1.000, autorizaçã­o para ministros, parlamenta­res e procurador­es viajarem de classe executiva e um rombo no orçamento de quase R$ 180 bilhões. Quase 70 sugestões foram apresentad­as para modificar a proposta que aumenta o rombo nas contas do governo federal de 2017 e 2018 para R$ 159 bilhões.

O projeto precisa ser aprovado pela comissão de Orçamento e pelo Congresso nesta semana. Qualquer resultado fora do script obrigará o governo a refazer toda a previsão de gastos e despesas do próximo ano.

Nenhuma dessas sugestões parece ter como objetivo contribuir para uma melhora efetiva daquele que é hoje o principal problema não só para o atual governo, mas também para o próximo.

A crise fiscal tem sido subestimad­a pelo Congresso, mais preocupado com a reforma política, e por précandida­tos ao Planalto.

O assunto pode não ser dos mais populares, principalm­ente para po- líticos que viajam pelo Nordeste vendendo ilusões, mas é esta a maior ameaça ao sucesso do próximo governo.

O presidente Michel Temer não conseguirá fazer todas as privatizaç­ões e reformas prometidas até o final de seu mandato. E ao próximo presidente caberá não só manter na pauta esse conjunto de medidas impopulare­s, mas também conviver com no mínimo dois anos de grandes rombos orçamentár­ios e baixo cresciment­o.

Na melhor das hipóteses, será um retorno a 2003, início dos governos petistas, quando o país conviveu com desemprego alto e baixo cresciment­o até ser salvo pelo boom de commoditie­s que beneficiou todo o mundo emergente.

Na pior, será uma volta aos anos 1980, período maldito na história econômica brasileira que já começa a ser citado em relatórios do setor financeiro e também em algumas áreas do governo.

Ao vencedor, as bravatas.

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