Analistas preveem alta do PIB no segundo trimestre
Crescimento deve ser menor do que no início do ano, mas menos concentrado
Economistas esperam melhora gradual da atividade, com reação do consumo após nove quedas consecutivas
As estatísticas sobre a evolução do PIB (Produto Interno Bruto) no segundo trimestre, que serão divulgados na sexta (1), devem reforçar o sentimento de que o pior da crise econômica está ficando para trás, ainda que de modo bastante lento e gradual.
Para parte dos analistas, é possível que os números registrem uma leve alta pelo segundo trimestre consecutivo. No primeiro trimestre do ano, o avanço foi de 1% em relação ao trimestre anterior — primeiro período de alta após oito quedas consecutivas.
Até meados de agosto, as projeções para a atividade de abril a junho eram mais pessimistas. Parte significativa das projeções apontavam para um novo recuo do PIB no segundo trimestre, que não contaria com o impulso dado pela agropecuária à atividade de janeiro a março. A expansão do setor foi de 13,4%.
A divulgação dos números do comércio varejista e também do setor de serviços em junho surpreendeu positivamente, disparando uma revisão para cima das projeções.
Após forte alta no primeiro trimestre, a agricultura contribuiu novamente com o bom desempenho da atividade econômica no trimestre seguinte, diz o Banco Votorantim, enquanto a indústria e os serviços podem consolidar a tendência de recuperação.
O Votorantim prevê alta de 0,2% para o PIB do segundo trimestre, com reação do consumo após nove trimestres consecutivos de queda.
A equipe liderada pelo economista Roberto Padovani ressalta, no entanto, que o crescimento econômico ainda não está difundido. Pouco mais da metade dos segmentos da indústria cresceu no trimestre. Nos serviços, menos da metade cresceu, ele calcula. A exceção é o comércio varejista, que mostrou avanço em 70% dos setores.
O Votorantim aponta que, confirmada a trajetória de alta esperada para indústria e serviços, será o segundo trimestre consecutivo de crescimento de ambos, o que não ocorria desde 2013 para a indústria e 2014 para serviços.
O Banco Haitong também espera alta de 0,2% para o PIB do segundo trimestre, com indústria e serviços puxando a leve alta. “Essa é uma boa notícia, uma vez que aponta para uma revitalização mais generalizada da economia, o que geralmente é mais sustentável”, diz a equipe do Haitong, em referência ao forte efeito que o setor agrícola teve nos resultados observados de janeiro a março.
O Haitong também espera um desempenho favorável do consumo privado, que, junto com o aumento das importações, mostra que esse componente da atividade está voltando aos trilhos. “Uma recuperação pode estar em andamento mas deve ser leve”, afirma o Haitong, em relatório.
Para a consultoria Rosenberg, o PIB deve apresentar estabilidade no trimestre, corroborando a melhora lenta e gradual da economia. A mediana das projeções reunidas pelo Banco Central no dia 18 indica queda de 0,1% para o PIB do segundo trimestre.