Folha de S.Paulo

O modelo de produção adotado pela Ebes é a minigeraçã­o,

- ANA LUIZA TIEGHI

DE SÃO PAULO

Empreended­ores estão investindo no setor de energia solar, que cresce 300% ao ano no país, segundo a Absolar (Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltai­ca).

A empresa mineira Ebes montou uma usina com painéis solares para vender energia por assinatura.

Produzida em uma fazenda de João Pinheiro, noroeste de Minas Gerais (a 400 km de Belo Horizonte), a energia será vendida na capital mineira, em Itajubá e em Pouso Alegre, cidades atendidas pela distribuid­ora Cemig, a partir de setembro.

A instalação terá 1,2 megawatt de potência, suficiente para abastecer de 100 a 150 unidades de comércio. No início, os planos de assinatura são só para pessoas jurídicas.

“Para começar rápido, optamos por quem consome mais”, afirma o engenheiro Rodolfo Molinari, diretor de novos negócios da empresa. Segundo ele, menos de 10% da capacidade da fazenda ainda está disponível.

Não há um valor fixo mensal para a assinatura: pagase de acordo com o seu gasto de energia. A companhia avalia o consumo nos últimos 12 meses e aluga um lote da usina compatível à necessidad­e do cliente.

“Investimos em uma usina que está pronta. As pessoas só precisam assinar os planos”, diz Molinari.

A fazenda deve atingir o limite de 5 megawatts até dezembro, com 600 empresas atendidas. Depois disso, a Ebes planeja abrir mais cem usinas e comerciali­zar os planos para pessoas físicas. O investimen­to inicial foi de R$ 5,5 milhões, mas a expansão vai custar até R$ 2,5 bilhões. MINIGERAÇíO também usado nos Estados Unidos e na Europa.

Hoje, o mercado nacional de micro e minigeraçã­o —que vai de consumidor­es domésticos até usinas com 5 megawatts— tem 113 megawatts de potência instalada em 13,2 mil unidades produtoras. Elas abastecem 14,7 mil pontos de consumo, como casas e empresas. Ao todo, o Brasil tem 81 milhões de unidades consumidor­as.

“Esperamos que o país atinja um milhão de unidades produtoras até 2025”, diz Rodrigo Sauaia, engenheiro e presidente da Absolar .

No modelo da minigeraçã­o, a principal forma de produção de energia solar é por meio de placas instaladas em telhados. Mas o investimen­to é alto, de até R$ 17 mil para uma casa com quatro pessoas no Estado de São Paulo. Em prédios, onde o teto é compartilh­ado, é preciso envolver todo o condomínio.

A empresa Blue Sol investiu nessa frente. Ela tem uma franquia de instalação de sistemas fotovoltai­cos para comércios e residência­s, mas também dá cursos para formar empreended­ores e profission­ais interessad­os em trabalhar com energia solar.

“A grande restrição do mercado não é o número de empresas competindo pelo sistema solar, mas a falta de conhecimen­to do consumidor”, afirma Luis Otávio Colaferro, sócio e diretor de treinament­os da Blue Sol.

Para abrir um franquia, o investimen­to é de R$ 200 mil. De acordo com Colaferro, o retorno vem em até 18 meses.

Com os treinament­os, a companhia quer chamar a atenção de profission­ais do setor elétrico e de outras carreiras para a viabilidad­e de se trabalhar na área. “Quanto maior o número de empreended­ores, maior o de possíveis clientes.” PRIMEIROS PASSOS Para quem está começando no setor, o indicado é se associar a uma empresa da área. Se o empreended­or está empregado, a energia solar pode ser uma atividade paralela, até que seja possível se estabelece­r no meio.

A dica é de Luis Gustavo Li, engenheiro e gerente de treinament­o da LGL Solar, que tem cursos de instalação e projeto em 25 cidades.

“Com R$ 15 mil, monta-se uma placa solar que funciona e pode ser usada para fazer demonstraç­ões”, diz.

Ainda de acordo com Li, não é preciso ter estoque, porque as distribuid­oras trabalham com pronta entrega.

“Você compra conforme a demanda”, afirma.

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