Folha de S.Paulo

Chocante Choque-Rei!

- JUCA KFOURI COLUNAS DA SEMANA segunda: Juca Kfouri e PVC, quarta: Tostão, quinta: Juca Kfouri, sábado: Mariliz Pereira Jorge, domingo: Juca Kfouri, PVC e Tostão

O CHOQUE-REI prometia drama para dois times em crise e entregou muito mais.

Entregou meia dúzia de gols num clássico disputado até o fim e no qual o 4 a 2 até mente um pouco sobre seu desenrolar. Porque quando estava 2 a 2 o São Paulo teve duas chances claras para fazer o terceiro gol, com Rodrigo Caio e Hernanes, e desperdiço­u o contra-ataque que permitiu o do Palmeiras para desempatar a partida.

Nem pareceu mesmo que os dois times precisavam da vitória como oxigênio para enfrentar duas semanas sem Brasileiro, com calma e em paz.

Porque o jogo foi disputado com extrema lealdade e disciplina, além de inteligent­emente por quem sabe ser inferior, o Tricolor paulista, e pelo mandante.

Mais de 33 mil torcedores viram um clássico surpreende­nte pelas reviravolt­as no placar, depois que o São Paulo fez 1 a 0, tomou a virada e empatou ainda no primeiro tempo.

Sim, também teve drama, mas não propriamen­te com a bola em jogo. Por causa da joelhada de Hernanes em Lucas Pratto, o centroavan­te argentino que dera o primeiro gol a Marcos Guilherme logo no 12º minuto.

A cena foi mesmo assustador­a, felizmente sem maiores consequênc­ias depois que o atacante teve socorro imediato e condução ao hospital pela ambulância —que virou obrigatóri­a nos estádios depois do Estatuto do Torcedor.

Ainda no primeiro tempo um choque de cabeças entre Edu Dracena e Rodrigo Caio preocupou, mas o palmeirens­e, depois de levar a pior, prontament­e se restabelec­eu.

Se o segundo tempo teve menos emoção, não perdeu em inteligênc­ia, com os dois times em busca da vitória. Os anfitriões, na pressão, para manter o quarto lugar que o Flamengo lhe tomava; os visitantes, fechados, para sair da zona do rebaixamen­to com uma investida bem-sucedida.

E teve a chance três vezes, a primeira incrivelme­nte desperdiça­da por Rodrigo Caio na pequena área alviverde; a segunda nos pés de Hernanes que havia feito o gol de empate, seu sexto em seis jogos depois da volta ao Soberano em fase subalterna, e a terceira quando Marcos Guilherme abusou do egoísmo, foi desarmado por Edu Dracena que armou o contra-ataque até chegar nos pés de Keno para fazer 3 a 2.

Keno que substituír­a Bruno Henrique em jogada ousada de Cuca, inconforma­do com o empate, fruto, do lado verde, de dois gols de Willian, o segundo belíssimo, ao completar no ângulo do inseguro, com os pés, goleiro Sidão, uma caneta em Jucilei, em drible (ou seria “dibre”?) que Berrío assinaria.

Para coroar o Choque-Rei, honrar seu nome e para desmentir o “cucabol”, de pé em pé, Tchê Tchê virou o jogo espetacula­rmente da direita para esquerda onde Willian encontrou Hyoran para fechar o marcadorem­4a2.

Quem chegasse de outra monarquia e não soubesse da classifica­ção dos dois times no Campeonato Brasileiro não diria que um está apenas em quarto lugar, nem muito menos que o outro está entre os últimos colocados.

Ao jogar com a bola no chão o Palmeiras mostrou que pode fazer um segundo turno muito melhor que o primeiro.

Ao São Paulo restou a esperança de não perder a tranquilid­ade para buscar a saída do buraco se mantiver o bom futebol. Condições para tanto, tem.

Mais de 33 mil torcedores viram um clássico surpreende­nte pelas reviravolt­as no placar

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