Folha de S.Paulo

Paz só no Palmeiras

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O PALMEIRAS cruzou onze vezes em vinte minutos, média de um levantamen­to a cada duas voltas do relógio. Antes que se atribua toda a culpa ao estilo do técnico Cuca, vale lembrar que no ano passado o time campeão brasileiro foi o quinto com menos bolas cruzadas.

Ou seja, não é o único prato do cardápio do treinador.

Piorou neste ano, porque o time continua sem estar montado. O São Paulo aproveitou desse fato.

Aos 13 minutos, Pratto recebeu atrás dos dois volantes palmeirens­es, Bruno Henrique e Tchê Tchê, de frente para os zagueiros, Edu Dracena e Luan. O passe perfeito entrou no mesmo espaço do gol sãopaulino no primeiro turno.

No Morumbi, Pratto recebeu entre o zagueiro e o lateral-esquerdo. No Allianz Parque, Marcos Guilherme

SÃO PAULO

jogou entre Luan e Michel Bastos.

Há exemplos evidentes da falta de jogo coletivo do Palmeiras.

Aos 22 da segunda etapa, quando o clássico já estava empatado por 2 a 2 , Keno duela com Buffarini na ponta esquerda. Mais dois defensores do São Paulo estavam ao seu redor e nenhum colega para fazer o passe. A única opção foi Michel Bastos, também solitário, três passos atrás. Foi dali saiu o cruzamento.

Da mesma ação, saiu o gol de Deyverson, bem anulado por impediment­o de Jean.

No São Paulo, outra vez Hernanes foi referência. Já são seis gols em seis partidas, o segundo apenas

PALMEIRAS

com bola rolando. Isso porque desperdiço­u a chance de matar a partida, num contra-ataque aos 30 do segundo tempo. A oportunida­de desperdiça­da por Hernanes e outra, dois minutos mais cedo, por Rodrigo Caio, poderiam dar a vitória por 3 a 2 ao São Paulo. Especialme­nte a jogada de Rodrigo Caio, que furou.

Ainda houve um terceiro contraataq­ue que ampliou a tensão nas arquibanca­das do Allianz Parque, um segundo antes da jogada de Deyverson e do passe para Keno encher o pé no canto de Sidão.

“Vai na frente e não faz o gol!”, diz o goleiro são-paulino após o lance. A imagem da TV flagrou a reclamação do goleiro logo depois de sofrer o gol, da quinta vitória do Palmeiras em cinco clássicos no novo estádio palmeirens­e.

Cuca terá duas semanas de paz. Já o São Paulo viverá quinze dias de angústia e de distância maior ainda para sair da zona de rebaixamen­to do Brasileiro.

O resultado tem a ver com o mando de campo. O Palmeiras fez 4 a 2, mas ainda não é totalmente convincent­e. Mesmo com evolução, chutando dez vezes no alvo, contra quatro do São Paulo. Mesmo atendendo mais ao estilo de Cuca, com 37% dos desarmes no campo de ataque. Porém, ainda não dá a segurança que espera o torcedor.

O São Paulo dá sinais de vida, tem Hernanes como referência, mas é lento para chegar ao ataque e desperdiça oportunida­des que uma equipe na briga para não cair não pode se dar ao luxo de perder.

Até a boa notícia de agora possuir um patrocinad­or master parece mau agouro, porque no centro da camisa está estampado o nome INTER.

A referência é um pedido do banco Intermediu­m, que quer ser conhecido assim. Impossível esquecer que há um ano, quem vivia o drama, o time grande na zona da degola, era o Inter. Estava em 17º lugar, com um ponto a mais do que hoje possui o São Paulo.

Cuca terá 2 semanas de tranquilid­ade, e o São Paulo viverá dias de angústia na zona de rebaixamen­to

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