Folha de S.Paulo

Reprise da sexy ‘A Vida Como Ela É’ lembra qualidade que não se repetiu

- THALES DE MENEZES

Durante 12 anos, de 1950 a 1961, os leitores do jornal “Última Hora” se habituaram a acompanhar a coluna “A Vida Como Ela É”. Num espaço exíguo, o escritor Nelson Rodrigues (1912-1980) gotejava uma amostra do mesmo universo ficcional que explorava em textos de maior fôlego.

Adultério, incesto, culpa, dúvidas morais, crimes passionais, toda sorte de traições e amores em poucas linhas.

Agora, a versão televisiva desse material, com alta voltagem sexual, volta a ser exibida, no canal Viva. Há muitas razões para ver ou rever esses 40 episódios, com cerca de 12 minutos de duração.

“A Vida Como Ela É” tem tanto apelo que entra em exibição nos canais da Globo pela quinta vez. Em 1996, foi criada como um quadro no “Fantástico”, sendo exibida em pílulas dominicais.

Voltou ao ar duas vezes depois do “Programa do Jô”, em 1997 e 2001, e ganhou nova reprise em 2012, mais uma vez no “Fantástico”. Em 2002, foi lançada a versão em DVD, há anos fora de catálogo.

Tanta reprise é motivada por algumas qualidades.

Daniel Filho dirigiu, com quatro caracterís­ticas marcantes: iluminação escura e cores esmaecidas, num clima de filme noir; grupo fixo de atores, que mergulhou no universo de Nelson; presença de um narrador, para manter a fidelidade ao texto; e boa reconstitu­ição dos anos 1950.

José Wilker e Hugo Carvana se revezaram na narração.

A série abrigava os veteranos Mauro Mendonça, Tarcísio Meira, Tony Ramos e Yoná Magalhães ao lado de atores mais jovens, como Marcos Palmeira e Giulia Gam.

O diretor orientou o elenco a carregar nos diálogos, em explosões exageradas, algo “antiquado”. Pequenas peças de dramalhão bem conduzido, de final surpreende­nte.

Mas todos que acompanhar­am “A Vida Como Ela É” sabem qual era seu grande atrativo. Entre sexualidad­e reprimida e furiosa libertinag­em, era fácil mostrar o elenco em trajes íntimos, em intensidad­es variadas de nudez.

As imagens, captadas com os limites de um programa exibido nas noites de domingo, ofereciam fartos flagrantes de atrizes de camisola, sutiã, calcinha, liga ou até usando a hoje praticamen­te extinta anágua. Vestidos encharcado­s de chuva também cumpriam seu papel de sedução.

A série descortino­u várias atrizes da casa, como Malu Mader, Claudia Abreu, Deborah Bloch, Isabela Garcia.

Dois episódios marcaram a audiência. A revelação de Gabriela Duarte em “O Anjo”, A Vida Como Ela É Reprise da série Viva, sextas, às 23h muito bom

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Maitê Proença e Tony Ramos em cena de ‘A Vida Como Ela É’; série baseada em Nelson Rodrigues está no ar no canal Viva

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