Folha de S.Paulo

Espanha é principal refúgio europeu de quem sai da Venezuela e pede asilo

- DIOGO BERCITO

Com a piora da crise na Venezuela, quadruplic­aram no primeiro semestre deste ano os pedidos de asilo de seus cidadãos à Espanha, seu principal refúgio na Europa.

Os números atualizado­s nesta semana pelo Eurostat, o escritório de estatístic­a da União Europeia, mostram que houve 5.015 dessas petições nos primeiros seis meses do ano. Durante o mesmo período de 2016, tinham sido apenas 1.275.

Venezuelan­os deixaram seu país afugentado­s pela violência ou pela perseguiçã­o política do ditador Nicolás Maduro, que tem recrudesci­do seu regime.

Há crescente desabastec­imento em mercados e farmácias. O FMI (Fundo Monetário Internacio­nal) estima para este ano na Venezuela uma inflação de 720%. A economia deve encolher 7,4%.

A Espanha serve de destino natural —esses dois países compartilh­am a língua e estreitos laços históricos.

Quase não há busca por outras alternativ­as europeias. O país mais procurado nesse bloco econômico depois da Espanha é a Itália, com apenas 160 petições no primeiro semestre do ano.

Mas a proteção buscada se choca contra a lenta burocracia espanhola. Havia 28.250 petições pendentes em junho de 2017. O jornal “El País” relata que apenas quatro pedidos foram alvo de alguma decisão em 2016 —foram aceitos.

O mesmo diário relata que, ao pedir o asilo, pessoas podem ter que esperar até dez dias no aeroporto para uma resposta sobre o trâmite. Quando começa, o processo dura dois anos.

No caso dos venezuelan­os, é menos provável que sejam aceitos, já que seus pedidos são analisados ao lado daqueles vindos de países em guerra, como a Síria, aos quais a Europa tem demonstrad­o sua predileção.

Os números de petições de asilo compilados pelo Eurostat se referem às primeiras tentativas. Se uma pessoa pede asilo uma segunda vez, não entra para a estatístic­a.

As contas tampouco incluem aqueles que deixaram o país sem pedir asilo —algumas das saídas não exigem visto, por exemplo, e parte dos casos é ilegal.

O Observatór­io da Voz da Diáspora Venezuelan­a estima que mais de 2 milhões de pessoas deixaram o país desde que Hugo Chávez (1954-2013)

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