Folha de S.Paulo

Nova taxa de juros do BNDES tem aval da Câmara e agora vai para o Senado

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DE BRASÍLIA

A proposta que altera a taxa de juros do BNDES passou pela última etapa de votação na Câmara dos Deputados nesta quarta (30) e agora segue para análise do Senado.

Em votação que durou cerca de quatro horas, os parlamenta­res rejeitaram três mudanças no texto sugeridas pelo PT. O texto-base que cria a TLP (Taxa de Longo Prazo) já havia sido aprovado pelos deputados na semana passada.

Presente à votação, o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), afirmou que pretende colocar o tema em votação na próxima terça (5) ou quarta (6) pela manhã, apesar da semana curta com o feriado na sexta, o que tem potencial de baixar a presença de parlamenta­res.

O objetivo dos governista­s é evitar que a medida provisória que altera os juros do BNDES caduque, uma vez que vence em 6 de setembro.

O governo quer alterar a referência para os empréstimo­s do BNDES a partir de janeiro. Isso também mudará a correção dos recursos que o banco tem que devolver ao Tesouro Nacional e ao FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhado­r), fonte de recursos da entidade de fomento.

A ideia é retirar do crédito do BNDES a atual TJLP, hoje fixada pelo governo a cada três meses, e em seu lugar implantar a TLP, taxa que seguiria a remuneraçã­o dos títulos públicos NTN-B com validade de cinco anos, negociados no mercado financeiro. NOVA DINÂMICA A mudança é tratada como uma das mais importante­s medidas estruturai­s propostas pelo governo, segundo integrante­s da equipe econômica, pois mudaria de forma perene a dinâmica de gastos com subsídios que são invisíveis no Orçamento.

As empresas tomam hoje empréstimo no BNDES a taxas de juros mais baixas do que as que o governo paga para se financiar. Esse subsídio não passa pelo Orçamento.

Os integrante­s do governo argumentam ainda que essa fatia de crédito mais barata e rígida retira potência da política do Banco Central contra a inflação.

A medida, no entanto, é alvo de intensas críticas do setor produtivo e de economista­s mais afeitos a políticas de incentivo à indústria e à produção doméstica.

Eles afirmam que, sem os juros mais baixos, a indústria brasileira perderá capacidade de competir com fornecedor­es estrangeir­os, que podem oferecer crédito mais barato a compradore­s. (MARIANA CARNEIRO)

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