Folha de S.Paulo

Congresso aprova revisão da meta fiscal

Governo obtém vitória em sessão tumultuada e poderá registrar deficit de R$ 159 bilhões neste ano e em 2018

- TALITA FERNANDES MARIANA CARNEIRO

Proposta de Orçamento para o ano que vem poderá ser enviada ainda com a meta de rombo de R$ 129 bilhões

O plenário do Congresso aprovou por volta da 1h40 desta quinta (31) o texto-base da proposta de revisão das metas fiscais para 2017 e 2018.

Até a conclusão desta edição, os parlamenta­res ainda não haviam encerrado a votação de cinco destaques do PT que alteram pontos da lei de diretrizes orçamentár­ias desses dois anos, mas não as metas já aprovadas.

O governo propôs ampliar o limite do rombo deste e do próximo ano para R$ 159 bilhões. A previsão anterior era a de um deficit de R$ 139 bilhões em 2017 e R$ 129 bilhões no ano seguinte.

A sessão foi marcada por protestos e tentativas da oposição de obstruir os trabalhos.

A aprovação final é necessária para que o governo possa enviar a proposta de Orçamento de 2018 nesta quinta consideran­do o novo valor. Devido à demora na votação, no entanto, é possível que o texto seja entregue com base nas metas originais.

Antes de entregar o Orçamento, é preciso que o presidente da República em exercício, Rodrigo Maia (DEM-RJ), sancione o texto com a mudança. Por isso, não se sabe qual número será usado.

No caso de 2017, a ampliação do deficit é considerad­a necessária para liberar recursos e manter a máquina pública funcionand­o.

“A pressa é para que o Brasil possa ter o mínimo de investimen­to em infraestru­tura e para gerar emprego e renda”, disse o presidente do Congresso, Eunício Oliveira (PMDB-CE). “A diferença deste governo para o anterior é que este muda a meta antes de gastar dinheiro, portanto, não há pedala”, afirmou o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR).

O relator do projeto, deputado Marcus Pestana (PSDBMG), disse que o aumento do deficit “não é uma questão de opinião ou desejo, mas a fotografia da tragédia fiscal”. IMPEACHMEN­T A discussão da revisão da meta fez aliados da ex-presidente Dilma Rousseff resgatarem os motivos que levaram a petista ao impeachmen­t.

“Dilma foi afastada há um ano, por ter elevado gastos antes de rever a meta e foi chamada de irresponsá­vel. A máscara caiu”, disse Vanessa Grazziotin (PC do B-AM).

Segundo o Planejamen­to, a proposta orçamentár­ia para 2018 será entregue ao Congresso às 12h desta quinta.

Maia disse que encaminhar­á com o Orçamento o projeto de lei que trata da reoneração da folha de pagamento de alguns setores.

A medida provisória sobre o assunto foi revogada pouco antes de perder a validade e em meio a resistênci­as do Congresso em aprová-la.

A proposta orçamentár­ia também vai contar com R$ 7,7 bilhões que virão da Eletrobras e estão ligados ao processo de privatizaç­ão da estatal. O governo vai incluir ainda a informação de que o BNDES terá de devolver R$ 100 bilhões ao Tesouro.

A necessidad­e de revisão das metas, anunciada em agosto, foi atribuída à frustração de receitas e à lenta retomada da economia.

Na ocasião, a equipe econômica também comunicou que a previsão de deficit em 2019 passou de R$ 65 bilhões para R$ 139 bilhões. O governo esperava que o resultado fiscal ficasse positivo em 2020, com superavit de R$ 10 bilhões, mas passou a prever um deficit de R$ 65 bilhões.

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