Folha de S.Paulo

Maia assina prorrogaçã­o do Refis até 29 de setembro

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A Cemig sofreu um revés nesta quarta (30) em sua tentativa de negociar um empréstimo de cerca de R$ 5 bilhões do BNDES e assegurar a concessão de hidrelétri­cas em disputa com a União.

Em reunião no Ministério do Planejamen­to, os executivos da estatal mineira informaram que a negociação com o BNDES não prosperou, pois o banco apresentou entraves jurídicos à concessão do empréstimo. Sem a ajuda do banco estatal, é mais difícil a Cemig conseguir evitar a perda das usinas.

A companhia de energia mineira tenta o empréstimo para pagar à União pelas usinas de Jaguara, São Simão e Miranda, que têm previsão de ir a leilão no dia 27 de setembro. O certame foi suspendo pela Justiça Federal. A AGU recorreu e aguarda decisão.

O governo calcula arrecadar R$ 11 bilhões com a privatizaç­ão de quatro usinas que eram da Cemig —as três acima e Volta Grande.

A receita é importante para alcançar a meta de deficit orçamentár­io de R$ 159 bilhões neste ano. E ficou ainda mais relevante num momento em que o Congresso resiste em aprovar o Refis, programa de refinancia­mento de dívidas tributária­s.

Se as duas receitas fracassare­m, a avaliação de inte- grantes da equipe econômica é que ficará difícil cumprir a meta deste ano.

Na conversa desta quarta, os executivos da Cemig voltaram a dizer que aceitam entregar a usina de Volta Grande, avaliada em R$ 1,3 bilhão.

Dos R$ 9,7 bilhões que faltam, R$ 2,2 bilhões seriam pagos com recebíveis de 15 grandes clientes que firmaram uma carta se compromete­ndo a comprar energia. Outros R$ 2,8 bilhões seriam pagos com recursos próprios, parte com uma eventual operação de aumento de capital.

Faltariam, portanto, R$ 4,7 bilhões, que a empresa tentou viabilizar com o empréstimo do BNDES.

Um empréstimo privado, segundo a equipe econômica, não sairia antes da data do leilão, pois demandaria análise mais demorada. Além disso, a Cemig já tem elevado endividame­nto e não teria garantias a oferecer.

Uma nova solução foi apresentad­a ao governo nesta quarta e poderia envolver a Vale, na associação que a mineradora tem com a Cemig na geradora de energia Aliança.

A sociedade participar­ia do leilão e se responsabi­lizaria pelo pagamento, o que faria a Cemig dividir custos com a Vale. Mas a operação precisaria de um sinal verde de órgãos de controle, como os tribunais de contas federal e estadual, o que foi visto pelo governo como um imbróglio jurídico de difícil solução.

Os integrante­s da equipe econômica considerar­am que a Cemig não tem os recursos para pagar pela concessão das três usinas, mas deram mais tempo para a empresa tentar fechar a operação. Nova reunião foi marcada para a próxima semana.

O senador Antonio Anastasia (PSDB-MG) afirma que o leilão seria um “tiro no pé” do governo. A disputa jurídica que o impasse vai provocar e a insatisfaç­ão dos mineiros, que prometem ocupar as usinas, tendem a afugentar investidor­es, segundo ele.

“Haverá guerrilha social e guerrilha jurídica”, disse. “E poderá ter consequênc­ias políticas.” Anastasia afirma que os 53 parlamenta­res mineiros estão unidos e cobrarão uma solução do governo federal. Governo ainda negocia mudanças no programa

DE BRASÍLIA

O presidente da República em exercício, Rodrigo Maia (DEM-RJ), assinou nesta quarta-feira (30) a medida provisória que prorroga o prazo de adesão ao Refis de 31 de agosto para 29 de setembro.

O novo texto tem o objetivo de garantir mais adesões ao programa lançado para o refinancia­mento de dívidas com o fisco até que outra MP, a que trata das regras do Refis, seja negociada e votada pelo Congresso.

Integrante­s do Planalto dizem que a prorrogaçã­o do prazo se dará, inicialmen­te, até o fim de setembro, mas que não está descartada nova prorrogaçã­o, até 31 de outubro, caso novas mudanças no texto que corre hoje no Legislativ­o sejam aprovadas.

Além do novo prazo de adesão, a equipe de Temer negocia com os parlamenta­res as demais condições do programa.

Como revelou a Folha ,o governo indicou que aceita oferecer descontos maiores aos contribuin­tes para viabilizar a aprovação do novo Refis, mas ainda aguarda o aval dos parlamenta­res para fechar o acordo nesses termos.

A nova proposta do governo aumenta de 50% para 60% o desconto da multa em pagamentos feitos à vista; de 40% para 50% naqueles parcelados em 145 meses e de 25% para 35% nos pagamentos feitos em 175 meses.

Os descontos nos juros, porém, permanecem os mesmos do texto inicial —90% em pagamentos à vista, 80% nos parcelados em 145 meses e 50% nos divididos em 175 meses.

 ?? Divulgação/Cemig ?? A usina São Simão, na divisa de Minas Gerais e Goiás, uma das concessões da Cemig que estão em disputa com a União
Divulgação/Cemig A usina São Simão, na divisa de Minas Gerais e Goiás, uma das concessões da Cemig que estão em disputa com a União

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