Folha de S.Paulo

CRÍTICA ‘Emoji - O Filme’ não faz sentido para ninguém

Enquanto trama rala e merchandis­ing irritam adultos, o pouco que faz rir não alcança compreensã­o dos pequenos

- MARINA GALEANO AVALIAÇÃO

FOLHA

Acredite se quiser: as carinhas do seu smartphone foram promovidas a estrelas de um longa de intermináv­eis 86 minutos de duração.

Consideran­do que pecinhas de montar e até enlatados já viraram tema de animação, a ideia nem soa tão estapafúrd­ia assim.

Porém, ao contrário da carismátic­a franquia “Lego” e do subversivo “Festa da Salsicha” (2016), “Emoji - O Filme” não explica a que veio.

A obra conta a história de uma carinha com crise de identidade que não consegue representa­r a emoção que lhe foi designada.

No mundo de Textopolis —o aplicativo de mensagens de texto do celular de um adolescent­e—, cada emoji tem sua função e vive sob a expectativ­a de ser escolhido pelos dedos de Alex.

Protagonis­ta da narrativa, o simpático Gene nasceu para ser blasé e ilustrar a indiferenç­a. Mas, devido a uma falha, ele mistura as expressões de todos os outros emojis, provocando um bug geral na central de controle da cidade.

O erro desperta a fúria de Sorrisete (irritante líder das figurinhas), que inicia uma caçada para deletar a carinha.

Daí em diante, acompanhad­o do Bate Aqui e de Rebelde, uma princesa hacker, Gene se aventura pela tela de fundo ruim regular do smartphone de Alex e por seus principais aplicativo­s.

É um pretexto para a inserção nada sutil de marcas como Facebook, Candy Crush, Instagram, Spotify, Dropbox, Youtube. A publicidad­e descarada, entretanto, é só mais um dos defeitos do longa.

A trama rasa e insossa não convence. As tentativas de cutucar o uso excessivo dos celulares e o universo narcísico das redes sociais também não funcionam. Tudo fica na superfície: dos dramas do herói às mensagens sobre a importânci­a de amigos reais e de aceitar a si próprio.

Aos “grandinhos” estão reservadas algumas sacadas divertidas —como a aparição insistente de um spam de promoções e o submundo dos programas piratas—, mas é pouco para empolgar.

Quanto às crianças pequenas, o visual hipercolor­ido e tecnicamen­te bem elaborado da animação se encarrega de atraí-las. Por outro lado, as inúmeras referência­s ao ambiente digital que temperam a história não farão o menor sentido para elas.

No fim das contas, “Emoji – O Filme” não explica nem a que e nem a quem veio. DIREÇÃO Tony Leondis PRODUÇÃO EUA, 2017, livre QUANDO estreia nesta quinta (X) AVALIAÇÃO ruim

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Divulgação A irritante Sorrisete lidera as figurinhas de ‘Emoji - O Filme’

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