Aliado de Richa recebeu R$ 12 mi, diz delator
Segundo dono de construtora, dinheiro de propina foi entregue no banheiro de uma secretaria e em caixas de vinho
Delator afirma que no valor estava incluída mesada de R$ 100 mil à campanha do governador do PSDB
O dono da Construtora Valor, Eduardo Lopes de Souza, disse em acordo de delação premiada que pagou R$ 12 milhões de propina a um intermediário do governador do Paraná, Beto Richa (PSDB).
O acordo foi assinado com a Procuradoria-Geral da República e aguarda homologação do ministro do Supremo Tribunal Federal Luiz Fux.
Segundo Souza, parte dos recursos foi entregue no banheiro de uma secretaria e outra parte foi camuflado em caixas de garrafas de vinho.
O delator relata que nesse montante está incluída uma mesada de R$ 100 mil, paga em 2015, que abasteceria as campanhas de Richa, seu irmão e seu filho em 2018. O governador nega as acusações.
O intermediário apontado pelo empreiteiro é Maurício Fanini, amigo de Richa que foi nomeado por ele diretor da Sude (Superintendência de Desenvolvimento Educacional), braço da Seed (Secretaria Estadual de Educação).
Fanini chegou a ser preso pela Operação Quadro Negro e é apontado por investigadores como um dos responsáveis por desvios de cerca de R$ 20 milhões na construção de escolas públicas em conjunto com o hoje delator Eduardo Souza.
A reportagem teve acesso à delação, que também cita o ministro da Saúde, Ricardo Barros, conforme revelou a Folha nesta sexta (1º).
Souza relatou ainda que Fanini acompanhou Richa em uma “viagem da vitória” a Miami e ao Caribe para comemorar a reeleição do político ao governo, em 2014.
O empreiteiro disse que deu ao ex-diretor US$ 20 mil em espécie na ocasião. Contou ainda que Fanini afirmou “que durante a viagem comprou um relógio rolex e deu de presente para o Beto Richa”. “Depois ele [Fanini] me mostrou fotos dessa viagem”.
O delator afirmou que, em 2015, quando Fanini foi nomeado presidente da Fundepar, autarquia que cuidaria da parte administrativa da Seed, inclusive da construção das escolas, passou a dar uma mesada de R$ 100 mil que seria direcionada ao governador do Paraná.
“Demos R$ 100 mil por mês a ele [Fanini], porque o Beto vai ser candidato a senador, o Pepe Richa (irmão do governador) vai ser candidato a deputado estadual e o Marcelo Richa (filho do governador) a deputado estadual”, afirmou.
A mesada teria durado pouco tempo porque meses depois de assumir a Fundepar, Fanini foi exonerado com a deflagração da Quadro Negro, em julho de 2015.
O delator afirma que Fanini “dizia que era amigo pessoal do governador Beto Richa, com quem jogava tênis”. O empreiteiro relatou que entregou cerca de R$ 12 milhões em espécie a Fanini.
“Ele [Fanini] disse que, conforme acertado com o governador, parte desses valores ficaria com ele e parte iria para a campanha”.
Souza relata que os desvios chegavam ao tucano pela seguinte via: o empreiteiro repassava a propina a Fanini, que direcionava parte do montante a dois assessores e a um primo do governador.
O delator afirmou que primeiramente as entregas a Fanini aconteceram no banheiro da Sude. Os valores passaram a ser muito altos, segundo ele, e o padrão mudou.
“Eu pegava, por exemplo uma caixa com 12 garrafas, deixava duas e preenchia o restante com dinheiro. Eu deixava apenas duas garrafas para que fizesse barulho quando alguém pegasse e não levantasse suspeitas”. Construtora Valor ganhava licitações da obras oferecendo descontos indicados por Fanini. Apresentava laudos com medições falsificadas das obras das escolas para os órgãos públicos Valor recebia o montante dos contratos proporcionais a essas medições mesmo sem ter realizado as obras. Construtora repassa a propina principalmente a Fanini Fanini, nomeado por Richa diretor da Superintendência de Desenvolvimento Educacional, direcionava o dinheiro a políticos e ficava com parte da propina