Planos perdem usuários, mas exames crescem
DE SÃO PAULO
Mesmo com a perda de 1,5 milhão de usuários de planos de saúde entre 2015 e 2016, em razão da crise econômica, o setor suplementar viu o número de procedimentos crescer 6,4% no mesmo período, atingindo 1,46 bilhão.
Entre os exames de imagens, alguns chamam atenção pelo aumento da quantidade per capita, como tomografia computadorizada (21%) e ressonância magnética (25,2%).
“O que se vê hoje no setor é o aumento das despesas assistenciais acima das receitas, com maior entrega do que o ano anterior e um número menor de consumidores. Essa conta não fecha. É preciso se indagar as razões dessa expansão”, diz Solange Mendes, da FenaSaúde.
Parte do problema estaria no desperdício, que abocanha 30% dos gastos em saúde no Brasil, segundo estimativa do setor.
Má formação médica (leva a mais pedidos de exames) e o modelo de remuneração que paga toda a cadeia (hospitais, médicos e laboratórios) por procedimentos prescritos (“fee for service”) e não pela qualidade da assistência seriam algumas das razões do desperdício.
O acelerado processo de envelhecimento populacional, aliado ao declínio da taxa de fecundidade, é um outro fator que preocupa.
Projeção da FenaSaúde aponta que, em dez anos, o país terá a proporção de um idoso para cada jovem, o que colocaria em risco a viabilidade econômica do mercado. Um dos preceitos do sistema de saúde privado é que os usuários jovens (que adoecem menos) exercem solidariedade com os mais idosos— que têm despesas mais de seis vezes superiores. (CC)