Guilherme Arantes reabre sua fábrica de grandes hits
Álbum lançado após uma caixa retrospectiva da carreira traz pop grudento
Só de canções inéditas, disco tem três escritas na adolescência, antes do sucesso de ‘Meu Mundo e Nada Mais’
No ano passado, Guilherme Arantes, 64, lançou uma caixa com 22 CDs que cobriam toda a sua produção, desde o estouro na estreia, em 1976, com “Meu Mundo e Nada Mais”. Um tipo de produto que parece encerrar um ciclo, ou até pode ser o encerramento de uma vida artística.
Nem uma coisa, nem outra. “Flores & Cores”, álbum de canções inéditas que chega agora às lojas e plataformas, exibe um cantor cheio de gás. As músicas mostram a pegada de sucesso sempre creditada com justiça ao compositor, e não é apenas a veia de hitmaker que ele está retomando.
O disco traz três baladas que ele escreveu na adolescência, no início dos anos 1970: “Meu Jardim do Éden”, “Happy Days” e “Sodoma e Babel”. Chamadas por ele de “antediluvianas” no encarte do álbum, não foram aceitas por muitas gravadoras que ele procurou. Mas Guilherme diz que não precisou mudar seu estilo para emplacar.
“As gravadoras faziam uma peneira no meu material”, conta ele à Folha. “Por acaso, ‘Meu Mundo e Nada Mais’ estava dentro do padrão que eles buscavam e entrou na trilha da novela. As músicas da mesma safra ficaram de fora porque eram muito ambiciosas, davam uma volta no rock progressivo.”
Para ele, a imposição ainda atrapalha. Disse que agora sofre para que “Meu Jardim do Éden” toque na rádio. “O cara fica esperando o refrão e o refrão não vem. Quem reclama tem o mesmo raciocínio que vigorava em 1976.”