Folha de S.Paulo

Com sotaque português, Burkina Fasso sonha acordada com a Copa da Rússia

- EDUARDO GERAQUE

Dois portuguese­s têm o sonho de levar um dos países menos desenvolvi­dos do mundo à sua primeira Copa. E ele parece bem plausível neste momento. Nação que está na posição 185 de um total de 188 no ranking do IDH (Índice de Desenvolvi­mento Humano), Burkina Fasso lidera o grupo D das eliminatór­ias da África.

O país de 18,65 milhões de habitantes tem 13,1 milhões de pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza (US$ 3,1 ao dia). Por volta de 20% da população tem acesso ao saneamento básico. Não há água potável para 18% do país.

Se chegar ao Mundial da Rússia, será a nação com pior IDH, índice apurado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvi­mento que reúne indicadore­s de expectativ­a de vida ao nascer, escolarida­de e renda per capita, a disputar o torneio.

Na posição 176, a República Democrátic­a do Congo jogou a Copa em 1974, quando ainda se chamava Zaire.

O time da “terra dos homens íntegros” —tradução livre de Burkina Fasso— tem duas partidas chaves contra a tradiciona­l seleção de Senegal. Neste sábado (2), o jogo é em Dakar e, na terça-feira (5), na capital Uagadugu, onde a poeira do deserto do Saara está sempre presente.

O elenco teve uma preparação especial em Portugal para os dois jogos. Burkina População 18,65 milhões Fasso é líder da chave com os mesmos quatro pontos da África do Sul. Senegal e Cabo Verde têm três pontos. O primeiro colocado do grupo se classifica para a Copa.

“Estão todos motivados no país, em êxtase, com muita confiança. Nós realmente temos condições de sonhar. Temos todas as possibilid­ades de conseguir esse objetivo”, afirma Fábio Fernandes, assistente técnico do também português Paulo Duarte, treinador da equipe.

A federação local mantém sete centros formadores de jogadores. Todos os 22 convocados para as duas decisões atuam fora do país.

A primeira divisão local tem um campeonato de 16 equipes. O Rail Club, da cidade de Kadiogo, acaba de ser campeão nacional pela terceira vez em sua história. Mas nunca teve sucesso nas competiçõe­s internacio­nais.

No total, 13 atletas atuam em países como França e Rússia. O restante, em campeonato­s menos importante­s da Europa ou em outros países africanos, como Egito e Marrocos. Um dos destaques, Isidore Traoré, defende o Lyon.

Mas há um jovem atleta que também fala português, no caso, do Brasil.

“Nos concentram­os em Portugal. Estamos muitos focados e o sonho de obter uma vaga para a Rússia é real. Precisamos fazer dois bons jogos”, afirma Yaya Banhoro, atacante do Londrina-PR, que vive desde 2015 no Brasil.

Antes de viajar com a seleção, o jogador de 21 anos negociava com o Santos.

Para Duarte, “Senegal é mesmo o grande time a ser batido” nestas eliminatór­ias. Sem a Copa, a meta é ser campeão da África em 2019.

 ?? Gabriel Bouys - 14.jan.2017/AFP ?? O meio-campista da Burkina Fasso Alain Traoré em partida contra a equipe de Camarões válida pela Copa Africana de Nações, em janeiro de 2017
Gabriel Bouys - 14.jan.2017/AFP O meio-campista da Burkina Fasso Alain Traoré em partida contra a equipe de Camarões válida pela Copa Africana de Nações, em janeiro de 2017

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