Com sotaque português, Burkina Fasso sonha acordada com a Copa da Rússia
Dois portugueses têm o sonho de levar um dos países menos desenvolvidos do mundo à sua primeira Copa. E ele parece bem plausível neste momento. Nação que está na posição 185 de um total de 188 no ranking do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), Burkina Fasso lidera o grupo D das eliminatórias da África.
O país de 18,65 milhões de habitantes tem 13,1 milhões de pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza (US$ 3,1 ao dia). Por volta de 20% da população tem acesso ao saneamento básico. Não há água potável para 18% do país.
Se chegar ao Mundial da Rússia, será a nação com pior IDH, índice apurado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento que reúne indicadores de expectativa de vida ao nascer, escolaridade e renda per capita, a disputar o torneio.
Na posição 176, a República Democrática do Congo jogou a Copa em 1974, quando ainda se chamava Zaire.
O time da “terra dos homens íntegros” —tradução livre de Burkina Fasso— tem duas partidas chaves contra a tradicional seleção de Senegal. Neste sábado (2), o jogo é em Dakar e, na terça-feira (5), na capital Uagadugu, onde a poeira do deserto do Saara está sempre presente.
O elenco teve uma preparação especial em Portugal para os dois jogos. Burkina População 18,65 milhões Fasso é líder da chave com os mesmos quatro pontos da África do Sul. Senegal e Cabo Verde têm três pontos. O primeiro colocado do grupo se classifica para a Copa.
“Estão todos motivados no país, em êxtase, com muita confiança. Nós realmente temos condições de sonhar. Temos todas as possibilidades de conseguir esse objetivo”, afirma Fábio Fernandes, assistente técnico do também português Paulo Duarte, treinador da equipe.
A federação local mantém sete centros formadores de jogadores. Todos os 22 convocados para as duas decisões atuam fora do país.
A primeira divisão local tem um campeonato de 16 equipes. O Rail Club, da cidade de Kadiogo, acaba de ser campeão nacional pela terceira vez em sua história. Mas nunca teve sucesso nas competições internacionais.
No total, 13 atletas atuam em países como França e Rússia. O restante, em campeonatos menos importantes da Europa ou em outros países africanos, como Egito e Marrocos. Um dos destaques, Isidore Traoré, defende o Lyon.
Mas há um jovem atleta que também fala português, no caso, do Brasil.
“Nos concentramos em Portugal. Estamos muitos focados e o sonho de obter uma vaga para a Rússia é real. Precisamos fazer dois bons jogos”, afirma Yaya Banhoro, atacante do Londrina-PR, que vive desde 2015 no Brasil.
Antes de viajar com a seleção, o jogador de 21 anos negociava com o Santos.
Para Duarte, “Senegal é mesmo o grande time a ser batido” nestas eliminatórias. Sem a Copa, a meta é ser campeão da África em 2019.