Folha de S.Paulo

Tática do ‘Rock Bola’ leva ao rádio música, bom humor e futebol

Zé Luiz, Casagrande, Branco Mello e Marcelo Rubens Paiva transmitem conversa de bar do estúdio da 89 FM

- THALES DE MENEZES

Com a quarta audiência nas noites de segunda, integrante­s não perdem chance de provocaçõe­s constantes entre eles

Alguém acha natural comentar duas derrotas seguidas do Corinthian­s em casa no Brasileirã­o e, um minuto depois, começar uma análise da duração das músicas do grupo de rock The Doors? Ou lamentar a crise no time do São Paulo assim que acaba de ouvir o punk dos Sex Pistols?

Quatro caras acham e fazem isso todas as noites de segunda-feira na rádio paulistana 89 FM, há quase dois anos. E deve ter muito mais gente adepta dessa conexão de música e futebol, porque o programa “Rock Bola” está em quarto lugar no horário.

Bate mesas futebolíst­icas da concorrênc­ia, perdendo em audiência apenas para rádios estritamen­te musicais.

O locutor Zé Luiz, que tem no currículo de sucessos um grande hit em passagem anterior na 89, “Balacobaco”, é o capitão de um time veterano. Se disputasse uma categoria de futebol, o escrete do “Rock Bola” estaria na “sub-60”: Zé, Walter Casagrande Junior, comentaris­ta de TV e ex-jogador, Branco Mello, dos Titãs, e o escritor Marcelo Rubens Paiva, todos cinquentõe­s.

“Sabe aquela rapaziada que se reúne numa noite da semana para jogar? Pois é, o programa é o nosso futebol com os amigos”, diz Zé Luiz à Folha.

Ele e Marcelo são titulares, mas, quando as coberturas de TV impedem Casagrande de participar ou a agenda dos Titãs compromete Branco, filhos tomam o lugar dos pais.

Na segunda (28), com Casão em Porto Alegre para o jogo da seleção contra o Equador, Leo Casagrande saiu do banco. Bento é o reserva de Branco.

Cada integrante escolhe uma música para tocar no programa, que tem uma hora.

Enquanto seus parceiros apostaram no classic rock, Leo trouxe o som de um emergente, o guitarrist­a Eric Gales. Arriscou chamá-lo de “novo Jimi Hendrix”, o que provocou um contra-ataque rápido dos colegas. “Tudo bem, tudo bem! Só falei porque ele é negro e canhoto”, justificou Leo. COMPROMETI­MENTO Zé Luiz tem uma teoria sobre o sucesso do “Rock Bola”. “Rádio precisa de comprometi­mento. Muitos programas com gente famosa em outras atividades acabam durando pouco porque não é fácil pegar o caminho do estúdio toda semana. Esses caras estão aqui porque vestem a camisa.”

“A ideia foi do Casagrande e todos compraram. Para mim, é um jeito de me tirar de casa. Viajo sempre com a banda e fico muito com a família o resto do tempo”, diz Branco.

Para Marcelo, há um elo geracional no grupo. “Todos ouviram rádio desde criança. Eu adorava o Osmar Santos e seus bordões, era genial! E escutava o ‘Show de Rádio’, claro.”

“Nossa, é mesmo. ‘O Show de Rádio’ marcou demais”, conta Branco sobre o programa humorístic­o que a Jovem Pan transmitia depois das rodadas de futebol nos anos 1970. A equipe do radialista Estevam Sangirardi criava esquetes com personagen­s que

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 ?? Diego Padgurschi /Folhapress ?? Leo, filho de Casagrande, Zé Luiz (atrás), Marcelo Rubens Paiva e Branco Mello no estúdio
Diego Padgurschi /Folhapress Leo, filho de Casagrande, Zé Luiz (atrás), Marcelo Rubens Paiva e Branco Mello no estúdio

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