Unir esforços para coibir a violência sexual
A escola é o local mais indicado para diminuirmos a desigualdade entre gêneros, semente perversa que mata e germina preconceitos
Os dados a respeito da violência contra as mulheres são assustadores. A despeito das leis, as agressões não diminuíram como esperado.
A indignação expressa-se com mais e mais contundência. Esta Folha tem feito excelentes reportagens sobre esses casos tenebrosos.
No mais recente exemplo que chocou a todos, um homem ejaculou em uma passageira dentro de um ônibus, na avenida Paulista. Foi detido por outros passageiros e entregue à polícia, mas acabou liberado.
Poucos dias depois ele atacou uma outra mulher em um coletivo. Só então a Justiça decretou sua prisão preventiva. Ele é acusado de inúmeros outros crimes semelhantes.
O que faltou a esse caso, no sentido de garantir a segurança da sociedade e a prisão do agressor?
Depois da reforma de 2009 acerca dos crimes contra a dignidade sexual, a aplicação da lei permanece sem consenso entre delegados, promotores e juízes.
Já em 2011, apresentei projeto de que visava preencher esse vácuo legal —não foi, contudo, votado, por ter sido assimilado na reforma do Código Penal, que tramita na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado.
Retomo, agora, esse debate, apresentando novo projeto para coibir e punir esses abusos sexuais, com a internação provisória de acusados.
Por que a violência contra a mulher não diminui como queremos? O que fazer frente a dez estupros coletivos por dia, como noticiou esta Folha? Nesse clima de violência, perdem-se os valores, o respeito ao outro e a tudo o que caracteriza uma sociedade democrática e civilizada.
A violência começa, frequentemente, no lar. As escolas não estão capacitadas para entender, discutir e trabalhar o tema. Alunos sofrem bullying, professores apanham.
Não há dúvida, entretanto, de que a escola é o local mais indicado para diminuirmos a desigualdade entre gêneros, semente perversa do poder que mata e germina todo tipo de preconceito.
Precisamos investir na formação dos professores, para que percebam as formas de opressão contra as mulheres e a importância do feminismo.
É urgente levar a questão de gênero e de direitos humanos para as salas de aula. Isso passa por meninos e meninas aprenderem a importân- cia do respeito e da tolerância, da negociação sem xingamentos e murros.
A noção do direito à igualdade leva ao respeito à individualidade, quebrando preconceitos.
Para que esse esforço tenha maior alcance, é essencial a participação da mídia. Noticiários e telenovelas, por exemplo, exercem um poder de informação extraordinário em relação às mudanças de comportamento. Já tiveram expressiva contribuição no debate acerca da homossexualidade e de transgêneros.
A ausência dessas questões nas escolas e o aumento da violência dentro dos lares, sobretudo em períodos de crises financeiras, têm efeitos devastadores.
Para alterarmos essa realidade, devemos unir forças no campo mais importante: a educação. MARTA SUPLICY
Independentemente de qualquer falha na delação, o importante é que as malas cheias de dinheiro foram escancaradas! Isso é fato, não é invenção de ninguém.
ANTÔNIO CARLOS DE PAULA
Janot deu prova cabal de sua lisura, competência e coragem. Quanto aos criminosos, pagarão por seus crimes e pelo mal causado ao povo brasileiro. Os maus políticos não devem temer tanto a Justiça quanto o nosso povo, pois seremos os supremos juízes a partir de 2018. Em cada rua, em cada cidade, de norte a sul e de leste a oeste deste país, milhões de olhos os observarão! O Brasil não se curvará à corrupção!
EDSON MACHADO ALENCAR FILHO
Rio-2016
Como alguém tão bem informado como Hélio Schwartsman não faz ideia de como é difícil ser mulher, ignora os dados e estatísticas estarrecedores sobre o estupro, reduz-se a uma ótica masculina dos presídios, apoia-se em argumentos ultrapassados sobre decotes e saias e se dá por convencido com os pequenos avanços que tivemos nos últimos anos? Desanimador (“Existe uma cultura do estupro?”, “Opinião”, 5/9).
DANIELA SCHERMANN