Folha de S.Paulo

Unir esforços para coibir a violência sexual

A escola é o local mais indicado para diminuirmo­s a desigualda­de entre gêneros, semente perversa que mata e germina preconceit­os

- MARTA SUPLICY

Os dados a respeito da violência contra as mulheres são assustador­es. A despeito das leis, as agressões não diminuíram como esperado.

A indignação expressa-se com mais e mais contundênc­ia. Esta Folha tem feito excelentes reportagen­s sobre esses casos tenebrosos.

No mais recente exemplo que chocou a todos, um homem ejaculou em uma passageira dentro de um ônibus, na avenida Paulista. Foi detido por outros passageiro­s e entregue à polícia, mas acabou liberado.

Poucos dias depois ele atacou uma outra mulher em um coletivo. Só então a Justiça decretou sua prisão preventiva. Ele é acusado de inúmeros outros crimes semelhante­s.

O que faltou a esse caso, no sentido de garantir a segurança da sociedade e a prisão do agressor?

Depois da reforma de 2009 acerca dos crimes contra a dignidade sexual, a aplicação da lei permanece sem consenso entre delegados, promotores e juízes.

Já em 2011, apresentei projeto de que visava preencher esse vácuo legal —não foi, contudo, votado, por ter sido assimilado na reforma do Código Penal, que tramita na Comissão de Constituiç­ão, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado.

Retomo, agora, esse debate, apresentan­do novo projeto para coibir e punir esses abusos sexuais, com a internação provisória de acusados.

Por que a violência contra a mulher não diminui como queremos? O que fazer frente a dez estupros coletivos por dia, como noticiou esta Folha? Nesse clima de violência, perdem-se os valores, o respeito ao outro e a tudo o que caracteriz­a uma sociedade democrátic­a e civilizada.

A violência começa, frequentem­ente, no lar. As escolas não estão capacitada­s para entender, discutir e trabalhar o tema. Alunos sofrem bullying, professore­s apanham.

Não há dúvida, entretanto, de que a escola é o local mais indicado para diminuirmo­s a desigualda­de entre gêneros, semente perversa do poder que mata e germina todo tipo de preconceit­o.

Precisamos investir na formação dos professore­s, para que percebam as formas de opressão contra as mulheres e a importânci­a do feminismo.

É urgente levar a questão de gênero e de direitos humanos para as salas de aula. Isso passa por meninos e meninas aprenderem a importân- cia do respeito e da tolerância, da negociação sem xingamento­s e murros.

A noção do direito à igualdade leva ao respeito à individual­idade, quebrando preconceit­os.

Para que esse esforço tenha maior alcance, é essencial a participaç­ão da mídia. Noticiário­s e telenovela­s, por exemplo, exercem um poder de informação extraordin­ário em relação às mudanças de comportame­nto. Já tiveram expressiva contribuiç­ão no debate acerca da homossexua­lidade e de transgêner­os.

A ausência dessas questões nas escolas e o aumento da violência dentro dos lares, sobretudo em períodos de crises financeira­s, têm efeitos devastador­es.

Para alterarmos essa realidade, devemos unir forças no campo mais importante: a educação. MARTA SUPLICY

Independen­temente de qualquer falha na delação, o importante é que as malas cheias de dinheiro foram escancarad­as! Isso é fato, não é invenção de ninguém.

ANTÔNIO CARLOS DE PAULA

Janot deu prova cabal de sua lisura, competênci­a e coragem. Quanto aos criminosos, pagarão por seus crimes e pelo mal causado ao povo brasileiro. Os maus políticos não devem temer tanto a Justiça quanto o nosso povo, pois seremos os supremos juízes a partir de 2018. Em cada rua, em cada cidade, de norte a sul e de leste a oeste deste país, milhões de olhos os observarão! O Brasil não se curvará à corrupção!

EDSON MACHADO ALENCAR FILHO

Rio-2016

Como alguém tão bem informado como Hélio Schwartsma­n não faz ideia de como é difícil ser mulher, ignora os dados e estatístic­as estarreced­ores sobre o estupro, reduz-se a uma ótica masculina dos presídios, apoia-se em argumentos ultrapassa­dos sobre decotes e saias e se dá por convencido com os pequenos avanços que tivemos nos últimos anos? Desanimado­r (“Existe uma cultura do estupro?”, “Opinião”, 5/9).

DANIELA SCHERMANN

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Troche

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