Folha de S.Paulo

Regra contra nanicos e coligações avança na Câmara

Deputados aprovaram texto-base da reforma política, mas modificaçõ­es ainda podem ser feitas no plenário

- RANIER BRAGON

O plenário da Câmara dos Deputados aprovou nesta terça (5) o texto-base de um dos capítulos da reforma política, o que acaba com as coligações irrestrita­s para a eleição do Poder Legislativ­o e cria regras para barrar legendas com baixíssimo desempenho nas urnas.

As medidas, porém, foram amenizadas na tramitação e, além disso, estão distantes da votação final no Congresso Nacional.

O texto-base da proposta de emenda à Constituiç­ão, originária do Senado, foi aprovado por 384 votos a 16.

Mas os chamados “destaques”, que podem alterar todas a proposta, ficaram pra ser votados na semana que vem, no bojo de uma negociação mais ampla e recheada de divergênci­as.

Se passar por essa etapa, a PEC tem que ser votada ainda em segundo turno pela Câmara e, após isso, voltar a ser analisada pelo Senado.

Apesar de acabar com as coligações amplas, a proposta não extingue a possibilid­ade de união entre as legendas.

Hoje partidos podem se coligar livremente, mesmo que tenham ideologias díspares.

As uniões são feitas para que as chapas obtenham maior número de votos. As cadeiras do Legislativ­o são distribuíd­as de acordo com a votação obtida por candidatos eleitos e não eleitos do partido ou da coligação.

A proposta acaba com isso, mas cria a possibilid­ade de criação de federações com “afinidade ideológica e programáti­ca”.

Uma vez unidas, essas siglas mantêm a identidade própria, mas ficam obrigadas a atuar de forma unitária nos Legislativ­os durante todo o mandato.

Na eleição às Assembleia­s e Câmara municipais, essa federação poderá ser fatiada em subfederaç­ões. Um dos destaques que devem ser analisados na semana que vem estabelece que o fim das coligações só valerá a partir das eleições municipais de 2020.

A outra medida cria uma cláusula de desempenho (ou de barreira) para sufocar siglas de baixo desempenho.

Hoje as siglas nanicas já têm algumas restrições ao seu funcioname­nto, como uma menor fatia de verbas públicas e tempo de TV. A proposta veda completame­nte, para as siglas que não atingirem determinad­o patamar de votos, acesso a esses pontos.

Na próxima semana, também haverá nova tentativa de votação da proposta que altera o sistema de eleição para o legislativ­o: do “proporcion­al” para o “semidistri­tão”.

Hoje, as cadeiras são distribuíd­as com base no total de votos que os candidatos do partido ou da coligação obtêm. No “semidistri­tão”, os mais votados são eleitos, mas permanece o voto na legenda, que é distribuíd­o proporcion­almente aos candidatos mais votados da sigla.

Há também proposta de criação de um novo fundo público para financiar as campanhas. Para valer nas eleições de 2018, tudo tem que ser aprovado por Câmara e Senado até outubro.

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Pedro Ladeira/Folhapress A deputada Shéridan, relatora da reforma política, durante sessão que aprovou o texto base de emenda que restringe nanicos e acaba com coligações

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