Folha de S.Paulo

Em caravana, Lula admite que crise começou com Dilma

Houve ‘erro de dosagem’ na política econômica, disse

- FERNANDO CANZIAN

No último dia de sua caravana pelo Nordeste, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva admitiu, nesta terça (5), que houve um “erro de dosagem” na política econômica do PT e que a atual crise econômica começou no governo de sua sucessora, Dilma Rousseff.

Em auditório no porto público de Itaqui, em São Luís (MA), Lula declarou que os excessos da política de subsídios e gastos estatais do governo Dilma levaram à atual situação da economia.

Paradoxalm­ente, como solução para sair dessa mesma crise, defendeu que o país gaste agora parte de suas reservas internacio­nais em dólar e que ofereça mais crédito ao consumo, mesmo que isso faça a dívida pública subir acima do equivalent­e a 80% do PIB (Produto Interno Bruto).

Lula disse que programas sociais como Bolsa Família, Minha Casa Minha Vida e as desoneraçõ­es a empresário­s impulsiona­ram a economia até 2014 e ajudaram a levar a taxa de desemprego a “um padrão chique, tipo Noruega e Dinamarca”. O índice foi de 4,8% na média daquele ano.

“Então foi feito isso, e acho que nós erramos na dosagem. Porque se você tem uma torneira aberta entrando água e uma torneira aberta saindo água, e está entrando menos do que está saindo, uma hora a caixa seca”, disse, em referência às receitas e gastos.

Sobre a responsabi­lidade de Dilma na crise, afirmou: “[Dizem] ‘É, mas a crise começou no governo da Dilma’. É verdade, é verdade. Nós tivemos problemas”.

“Agora, vamos ver a diferença da Dilma de 2014 com 1999: todo mundo sabe que o governo FHC quebrou três vezes [quando recorreu ao FMI] Qual foi a diferença do FHC para a Dilma? Que o FHC fez uma proposta de reforma na crise cambial [em 1999] e tinha como presidente da Câmara [dos Deputados] o [Michel] Temer.”

“Em seis meses, aprovou tudo o que o Fernando Henrique queria. E a Dilma tinha o Eduardo Cunha, que não aprovou nada”, disse.

Apesar da imagem das “torneiras” e da “caixa seca” que levaram ao “erro de dosagem”, Lula defendeu mais gastos públicos neste ano de ajuste fiscal e deficit previsto de R$ 159 bilhões.

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Bruno Santos/Folhapress Lula discursa na praça Pedro 2°, em São Luís (MA), no último dia de seu giro no Nordeste
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