Folha de S.Paulo

Francisco visitará quatro cidades em quatro dias. Em Bogotá, desfilará no papamóvel,

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A visita à Colômbia que o papa inicia nesta quarta (6) é apresentad­a pela Conferênci­a Episcopal e o governo da Colômbia, seus organizado­res, como religiosa. Mas, dado o perfil de Francisco e suas visitas anteriores à América Latina (Equador, Bolívia, Cuba, Brasil e Paraguai), a política será inevitável.

O mais importante será a celebração do fim do conflito com a ex-guerrilha das Farc (Forças Armadas Revolucion­árias da Colômbia, agora o partido Força Alternativ­a Revolucion­ária Comum). O papa foi crucial para se instalarem as negociaçõe­s de paz.

Em sua passagem de quatro dias pelo país, vários atos tratarão do conflito e da reconcilia­ção. Entre eles, o encontro com familiares de vítimas, a visita a um dos locais mais castigados pelos enfrentame­ntos entre Exército, guerrilha e paramilita­res e um minuto de silêncio pelos mais de 250 mil mortos.

A Farc pediu um encontro privado com o papa, mas este ainda não foi confirmado.

A Venezuela também deve estar na agenda. Após tentativas de mediação, o papa quer fazer um novo gesto pela solução da crise entre governo e oposição e receberá, em Bogotá, um grupo de bispos venezuelan­os que lhe relatará a piora da situação.

À revista “Semana”, o presidente Juan Manuel Santos afirmou que o tema será obrigatóri­o no encontro dos dois, na quinta (7): “Em qualquer reunião entre chefes de Estado hoje se fala de Venezuela. O papa não vem só como papa, ele é um chefe de Estado”.

Francisco também deve abordar a polarizaçã­o entre o presidente e seu antecessor, Álvaro Uribe. Após o plebiscito da paz, em outubro de 2016, o papa chamou os dois a Roma e pediu consenso para a paz ser concretiza­da — Uribe liderou a campanha contra o acordo, vencedora.

O acordo acabou aprovado apenas pelo Congresso, e Uribe jamais o aceitou. Para dificultar a implementa­ção, ele tem retirado do plenário os integrante­s de seu partido, o Centro Democrátic­o, toda vez que o Congresso tem de regulament­ar parte do texto.

Com eleições presidenci­ais em maio de 2018, os dois líderes disputarão a melhor foto com o pontífice, de preferênci­a com seus escolhidos para o pleito (Santos e Uribe não podem concorrer).

Uribe pediu audiência, mas disse entender se não a conseguir: “Serei respeitoso e assistirei a uma das missas com minha família”. Esperase que seja a de Medellín, capital da sua base eleitoral. AGENDA visitará Santos na Casa de Nariño, irá à Catedral e rezará uma missa em que oferecerá comunhão a 125 fiéis.

Em Villavicen­cio, capital do Departamen­to de Meta, receberá familiares de vítimas do conflito com as Farc, fará um minuto de silêncio e plantará uma árvore. No terceiro dia, em Medellín, rezará uma missa para 1 milhão de fieis.

O papa encerra a visita em Cartagena. A costa colombiana é a região do país onde a Igreja Católica mais perde fieis para os evangélico­s.

Antes de Francisco, Paulo 6º esteve no país em 1968, e João Paulo 2º, em 1986.

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Luis Robayo/AFP Colombiana vende terços em Bogotá na véspera da chegada do papa Francisco ao país

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