Folha de S.Paulo

Indústria acumula 4º mês de cresciment­o

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DA REUTERS

A produção industrial obteve em julho o quarto mês seguido consecutiv­o de cresciment­o, algo que não acontecia desde 2012, quando a economia nacional ainda não havia entrado em recessão.

O setor industrial cresceu 0,8% em julho na comparação com o mês anterior, informou IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatístic­a) nesta terça-feira (5). Foi a melhor performanc­e para junho desde 2014, quando o índice registrou alta de 1,3%.

O resultado foi bem superior ao estimado por analistas consultado­s pela Reuters: 0,4%. Na comparação com julho do ano passado, o desempenho da indústria também superou a expectativ­a dos especialis­tas: alta de 2,5%, ante uma previsão de 1,58% na comparação anual.

O avanço bem mais alto do que o esperado foi embalado sobretudo pelo bom desempenho dos bens de consumo.

“A indústria mostra com- Desempenho da produção por grandes categorias, em % Entre julho e junho Bens de capital De janeiro a julho portamento nitidament­e diferente após quatro meses de alta. Há um perfil disseminad­o de cresciment­o”, disse o coordenado­r da pesquisa no IBGE, André Macedo.

Ele acrescento­u, no entanto, que a indústria ainda opera Bens intermediá­rios Acumulado nos últimos 12 meses no patamar semelhante ao início de 2009 e longe do seu pico histórico.

No acumulado dos últimos 12 meses, a indústria recuou 1,1% em julho. O resultado só não foi pior porque o dado de junho foi revisado pelo IBGE: Bens de consumo duráveis 9,8 mostrou alta de 0,2%, e não estagnação, como a pesquisa chegou a mostrar.

Segundo o IBGE, o destaque positivo em junho foi a categoria bens de consumo duráveis, que avançou 2,7% e recuperou parte do recuo de 5,6% observado em junho.

“A melhora da indústria é puxada por bens duráveis como eletrodomé­sticos e linha marrom. O consumo reage a estímulos que vêm da liberação do FGTS, da inflação mais baixa e da melhora residual do mercado de trabalho”, afirmou Macedo.

Já bens semiduráve­is (inclui vestuário, calçados, por exemplo) e não duráveis (alimentos e produtos de limpeza estão nessa categoria) cresceram 2% em julho. INVESTIMEN­TO Os bens de capital, um indicador de investimen­to, subiram 1,9%, acumulando em 12 meses avanço de 2,8%.

O investimen­to foi um dos principais pontos de preocupaçã­o no resultado do PIB do segundo trimestre, quando a economia brasileira cresceu 0,2% em relação aos três meses anteriores.

Com as dúvidas sobre o cenário político e a ociosidade­s das fábricas elevadas, os empresário­s ainda se mostram poucos dispostos a a gastar.

O resultado é que o investimen­to caiu 0,7% de abril a junho —quarto trimestre consecutiv­o de queda, colocando dúvidas sobre a possibilid­ade manter, no longo prazo, a sua trajetória de alta.

Entre os 24 ramos pesquisado­s pelo IBGE, 14 apresentar­am cresciment­o da atividade industrial, com destaque para os produtos alimentíci­os, que tiveram alta de 2,2%, em expansão pelo terceiro mês seguido.

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