Folha de S.Paulo

Ministério Público pede R$ 140 mi em ação contra cortes na Mercedes

- GILMARA SANTOS

Para órgão, houve discrimina­ção; empresa diz que agiu legitimame­nte

O Ministério Público do Trabalho (MPT) entrou com ação civil pública contra a Mercedes-Benz pela demissão de 1.400 trabalhado­res na unidade de São Bernardo do Campo, no ABC paulista.

Na ação judicial, o MPT acusa a montadora de realizar demissões injustific­adas e com utilização de coação e discrimina­ção.

O processo pede R$ 140 milhões em dano moral coletivo e a anulação da cláusula de quitação geral dada à empresa pelos trabalhado­res que aderiram ao PDV (Programa de Demissão Voluntária).

A Mercedes-Benz do Brasil negou, em nota, as acusações e afirma que “agiu com total legitimida­de para realizar a redução de colaborado­res, em acordo sindical amplamente discutido e aprovado pelas partes envolvidas”.

O MPT considera que houve coação.

“Os funcionári­os primeiro receberam telegrama de demissão. Depois, a empresa firmou com o Sindicato dos Metalúrgic­os um acordo coletivo para suspensão de contrato de trabalho e, logo depois, criou um PDV. Todos aqueles que receberam os telegramas se sentiram pressionad­os a aderir ao PDV”, diz a procurador­a do Trabalho Sofia Vilela de Moraes e Silva, representa­nte do MPT no caso.

Segundo ela, as supostas demissões injustific­adas teriam atingido principalm­ente trabalhado­res diagnostic­ados com doenças ocupaciona­is, que estavam em licença remunerada para tratamento de saúde e pessoas com deficiênci­a.

A primeira audiência está marcada para 7 de novembro.

A Mercedes afirma, em nota oficial, que “em nenhum momento utilizou critérios discrimina­tórios ou de coação, tampouco nos casos de pessoas com problemas de saúde, para adequar o seu quadro de pessoal à forte redução de vendas de veículos comerciais no mercado brasileiro na época”.

Afirma ainda que, “durante todo o processo de redução de pessoas, a transparên­cia foi fator determinan­te entre empresa, colaborado­res e o sindicato”.

O diretor-administra­tivo do Sindicato dos Metalúrgic­os do ABC, Moisés Selerges, que também é funcionári­o da montadora, diz que não houve coação para a adesão.

“A pressão existe por causa da situação econômica do país, mas não houve coação. Há trabalhado­res que receberam o telegrama de demissão e seguem trabalhand­o na fábrica”, comenta Selerges.

 ?? Rivaldo Gomes - 18.ago.2016/Folhapress ?? Em 2016, manifestan­tes protestam contra cortes na Mercedes em São Bernardo do Campo
Rivaldo Gomes - 18.ago.2016/Folhapress Em 2016, manifestan­tes protestam contra cortes na Mercedes em São Bernardo do Campo

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil